Duas linhas mestras que extraímos de uma recente entrevista, dada ao nosso confrade Record, com a condução do nosso companheiro David Novo, pelo selecionador nacional de futsal Jorge Braz, às quais não resistimos evidenciá-las, considerando o que representam de conteúdo técnico e humano, fruto de uma liderança que se caracterizou, enquanto processo, por influenciar pessoas (os jogadores), para a realização de uma tarefa (disputar o campeonato do Mundo), com um objetivo determinado (sermos campeões), numa situação concreta.
Reconhecendo-se competente, não cultivando sentimentos de incapacidade e nem se deixando paralisar pelo medo, Jorge Braz, de forma decidida, revelou-se um ‘influenciador’ autoconfiante, a tal ponto que, um mês e uma semana depois da conquista do Campeonato do Mundo: “Não deixei a medalha em casa pendurada, para já, pelo significado que tem, anda sempre comigo”, assim se expressa o nosso ídolo. Assim tanto…, ídolo?! Sim, porque ensina, sendo!
E, agora, alcançado ‘o céu’, que futuro?:
Não sermos vaidosos
Aí está a resposta, talvez que a servir de ‘fato feito’ (leia-se resposta) a alguns ‘sabichões de bancada’, que sem terem sido, nem sentido, se arvoram, com demagogia e perante alguns incultos basbaques, em ‘donos do saber’:
“É repensar a estratégia, programações e organização do estágio, como já estamos a fazer com o Europeu porque tem de ser diferente. É, continuamente, sermos nós e diferentes, pensando pela nossa cabeça. Copiar o passado, nunca; relembrar o que temos de muito bom, mas acrescentar do ponto de vista de ambição e organizar para o futuro. Todos nós, especialmente os jogadores, vão ter de perceber que o que fizemos não chega. Já estão duas taças no nosso museu, a do Europeu e do Mundial, mas para colocarmos lá outras temos de fazer um upgrade e estar um passo à frente. Não podemos ir com o passado nem com a moda. Só trabalhamos bem, quando não somos vaidosos”.
Que outra pedra, foi e é decisiva?:
A âncora da família
“Eu digo sempre aos meus jogadores que só vão conseguir dar uma alegria brutal às respetivas famílias se se focarem no trabalho. Há momentos para uma coisa e momentos para outros, sem nunca esquecer que a minha família de sangue é o mais importante da minha vida. Mas há momentos em que o mais importante é a família do futsal, a minha equipa técnica”.
Quase a fechar este ‘time out’, talvez que se justitique trazer ao ‘palco dos acontecimentos’ – sem ruído nem holofotes acesos -, pensamos e acreditamos que de autor anónimo : Tudo é história, tudo é processo e, quando nos movimentamos, movimentamos mais do que a nós mesmos, ou seja, movimentamos também o tempo em que vivemos e somos!
E, a ‘espreitar’ este nosso despretensioso ‘ensaio’ ainda uns segunditos para ‘escutar’ mestre – porque sábio! – António Damásio: “Antes de chegar ao saber é preciso percorrer o ser e o sentir”.
Humberto Gomes
*“Embaixador para a Ética no Desporto”