Comunicando desportivamente: Quando, com espírito solidário, para homenagear e inspirar

Com a aventura e a vontade de se desafiar a correrem-lhe nas veias, João Paulo Felix, sociólogo lisboeta, que já fez várias provas de 100 quilómetros, já percorreu Portugal de uma ponta à outra, através da EN 2, a ligar Chaves a Faro, decide-se agora a um desafio mais duro: 1.250 kms entre Faro e Lisboa, em 25 etapas, com passagem pelo Norte, tendo iniciado a prova ontem e terminando a 8 de Agosto.


Mais do que um desafio às suas capacidades físicas, João Felix, irá juntar a componente solidária, tencionando chamar a atenção para a violência doméstica, homenagear os profissionais de saúde que, na linha da frente, combatem o Covid-19 e inspirar os outros concidadãos, neste tempos difíceis e de grande incerteza.


E é assim que se expressa. “A pandemia tem vários problemas, especialmente no aspeto psicológico. É importante dar a volta ao texto, fazer coisas. Costumo dizer que a pandemia está aí, mas aquilo que faço com ela é meu. Nesse sentido, é fundamental ter desafios e inspirar os outros. E é importante que os objetivos estejam presentes, porque caso contrário creio que a vida terá pouco sentido. Dentro da minha modéstia, se puder inspirar as pessoas será extraordinário”.


Este admirável atleta, aos 50 anos de idade, dá-nos conta de como irá enfrentar esta dura prova, com uma média de 50 quilómetros diários, com sete horas de duração, onde, confessa, o calor é algo a que está habituado, porque : “Tenho muitos treinos nestas condições. Para além disso, vou apanhar umas horas fresquinhas, pois começarei sempre às 6h30”, sublinhando que: “funciono muito bem de manhã”.


Levantando um pouco o véu, sobre qual vai ser a estratégia, numa prova que terá as duas etapas mais extensas: a 6ª, que ligará Ciborro a Ponte de Sor, 63 kms, e a 16.ª, ligando Vila da Ponte a Guimarães, 62 kms, enquanto as duas com menor quilometragem : a 13.ª, unindo Lamego a Vila real e a 25.ª e última, num abraço entre Loures e Lisboa, 24 kms, João Felix, alertando para “o trabalho que ninguém vê”, confiadamente nos adianta: “Uma coisa é aquilo que mostro, mas há algo que não se vê, que é lavar roupa e preparar tudo para cada dia. Tenho uma equipa de apoio, mas a gestão do cansaço é fundamental.

Tenho de comer e dormir bem, estar tranquilo, não entrar em comemorações, manter-me equilibrado para chegar ao fim, pois vou passar por momentos bons e maus”.


Edificante exemplo este que, com tremendo espírito solidário, se decide homenagear, uns, e inspirar, outros, numa clara identificação com os valores éticos fundamentais.


A dar perfeita razão ao conceito de que o Desporto nasceu como Ética, e que, sem Ética, não se justificará a sua prática; seja ao nível do profissionalismo, seja, como agora, em que tão simplesmente este magnífico atleta amador se decidiu a: “encarar a vida com muita força”.


Palavras deste ídolo. Ídolo, poder-se-á perguntar. Sim, ídolo, porque ensina, sendo!

Humberto Gomes

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