Controvérsia marca início das negociações em Atenas

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Depois de terem sido adiadas por questões logísticas, arrancaram esta segunda-feira finalmente as discussões entre os representantes da troika e a delegação helénica. Uma equipa composta por técnicos da Comissão Europeia (CE), Banco Central Europeu (BCE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) já discutem com as autoridades gregas os detalhes daquele que será o terceiro programa de resgate, que pode ascender a 86 mil milhões de euros. O objetivo é concluir o acordo até ao próximo dia 20 de agosto (a Grécia tem de efetuar um novo pagamento ao BCE), de forma a que o Executivo de Alexis Tsipras possa cumprir os seus compromissos financeiros, evitando outro empréstimo-ponte.

“Como sabem, as primeiras discussões ao nível técnico começaram e vamos continuar amanhã [terça-feira ] com muito mais intensidade. Vamos seguir o que foi acordado na cimeira da zona euro e esperamos que tudo corra bem”, afirmou o ministro grego das Finanças Euclid Tsakalatos, citado pelo jornal “Kathimerini”

Os encontros estão a decorrer no Hotel Hilton Athens, onde os representantes da troika estão hospedados sob um forte dispositivo policial. Os técnicos querem também recolher vários documentos para analisarem a pente fino o estado das finanças públicas gregas. Ainda esta manhã, foi realizada uma visita à sede da Administração Fiscal.

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O arranque das negociações está a ser marcado por um clima de controvérsia. Em primeiro lugar, o Executivo grego teme que Bruxelas exija ações prévias antes da conclusão do acordo, tal como sugeriu a porta-voz da Comissão Europeia. “Mais reformas são esperadas por parte das autoridades gregas de forma a permitir o desembolso rápido do mecanismo Europeu de Estabilidade. Isos é o que está ser discutido agora”, declarou esta segunda-feira Mina Andreeva.

Divulgadas gravações de Varoufakis sobre plano de secreto

Mas é sobretudo a revelação polémica do jornal “Kathimerini” -que notíciou este domingo que Yanis Varoufakis divulgou numa teleconferência com investidores em Londres, no passado dia 16 de julho, que Tsipras lhe tinha pedido para criar um sistema bancário que possibilitasse o regresso ao dracma “num piscar de olhos”-, que está a causar mais polémica.

A oposição já pediu explicações ao Executivo. Entretanto, o ex-ministro grego das Finanças desvalorizou o facto de ter contratado um amigo que integrava uma equipa de cinco pessoas para entrarem nos servidores da autoridades tributárias grega.

“Nós estávamos a planear criar, subrepticiamente, contas de reserva anexadas a cada número de contribuinte, sem dizer a ninguém, só para ter este sistema em segredo”, diz Varoufakis na gravação, divulgada esta segunda-feira pelo site do Official Monetary and Financial Institutions Forum (OMFIF) .

Em resposta às críticas, o gabinete de Varoufakis alegou que o Governo grego “teria sido negligente” caso não tivesse um plano B, garantindo ainda que esse cenário alternativo nunca foi colocado em ação.

Bruxelas pede rapidez no processo

As próxima semanas serão decisivas. Esta segunda-feira, o primeiro-ministro grego reuniu-se com os membros do secretariado do Syriza, apelando à unidade do partido de forma a evitar eleições antecipadas. “O nosso movimento de esquerda deve lutar em todas as frentes. Não podemos deixar a batalha. É esta a mensagem que temos de dar à sociedade que tem de ouvir-nos”, disse Alexis Tsipras, insistindo que o alívio da dívida grega será uma vitória do sua equipa governativa.

Benoit Coeure, membro do Conselho Executivo do BCE, afirmou entretanto que a zona euro já não está a discutir se deve dar luz verde ou não à reestruturação da dívida grega, mas antes qual é a melhor forma de efetuá-la. “É por isso que é importante fazer a reestruturação. Independentemente da forma, isso condiciona a aplicação de medidas que reforçam a economia e asseguram a sustentabilidade da dívida grega”, declarou Coeure em entrevista ao “Le Monde”.

No próximo dia 20 de agosto, a Grécia tem de efetuar um novo pagamento ao BCE, esperando até lá concluir o acordo com os credores. Alexis Tsipras já disse que quer evitar outro empréstimo-ponte.

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