Crato desconfia das elevadas notas a Matemática

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Depois de quatro anos consecutivos a descer, a média no exame nacional do secundário de Matemática A, realizada por mais de 30 mil alunos, voltou a subir. E não foi pouco. Os alunos internos (que frequentaram a escola durante todo o ano letivo) alcançaram uma média de 12 valores, em contraste com os 9,2 do ano passado. Sendo certo que as notas internas dos estudantes (atribuídas pelas escolas) apenas aumentaram duas décimas.

É preciso recuar ao governo em que Maria de Lurdes Rodrigues foi ministra da Educação para encontrar classificações tão altas. E quanto tal aconteceu – com uma subida espetacular dos 10,6 para os 14 valores, um recorde na disciplina – houve muitos a questionar se se estava perante uma efetiva e repentina melhoria de conhecimentos ou perante provas mais fáceis.

Agora, é o próprio ministro da Educação que tem as mesmas dúvidas. No comunicado de divulgação dos resultados da 1ª fase dos exames do secundário, Nuno Crato faz questão de lembrar que pediu ao Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) que realizasse provas com “um grau de exigência global semelhante ao longo dos anos”. Agora, diz, “será necessário, mais uma vez, que o IAVE e organismos responsáveis do MEC procedam a uma análise pormenorizada das provas e seus resultados, tendo em vista avaliar em que grau se tem atingido ou não o objetivo preconizado”.

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Este comentário acaba por ser uma novidade nos comunicados de divulgação dos resultados dos exames, em que o ministro com a pasta da Educação tende simplesmente a congratular-se com as melhorias registadas ou a prometer a correção das fragilidades.

A verdade é que o próprio presidente do IAVE tem defendido que as variações de ano para ano são normais se acontecerem dentro de determinados intervalos não superiores, no caso dos exames do secundário, a 1,4 valores.

No caso de Matemática A, a variação foi de 2,8 valores e na prova de Matemática Aplicada às Ciências Sociais foi de 2,3 valores.

Também a Física e Química, um dos exames normalmente mais difíceis para os estudantes internos, a média subiu: de 9,2 valores para 9,9.

Como consequência, é normal que as médias de ingresso nos cursos que exigem estas duas provas específicas aumentem este ano.

Português mantém, Biologia desce

Na prova de Português, a média dos alunos internos manteve-se positiva e praticamente não mudou: passou de 11,6 valores para 11 valores.

Já a Biologia e Geologia protagonizou a surpresa negativa deste ano letivo. De uma média confortável de 11 valores, os alunos baixaram para 8,9 valores.

Os alunos que não conseguiram aprovar ou que querem melhorar as suas classificações têm ainda a 2ª fase dos exames.

RE

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1 COMENTÁRIO

  1. Qualquer professor que precisa de avaliar os alunos com um teste sabe como melhorar os resultados desses alunos, e há pouco tempo alguém da Comissão científica do IAVE afirmou algo semelhante: basta mudar as cotações dadas a certos itens, pedir tarefas de nível cognitivo mais simples mas cotá-las como se fossem mais complexas, etc. Não é preciso, talvez, análise muito pormenorizada: será suficiente perguntar pelos critérios de elaboração dos exercícios e pelos de correcção dos mesmos, e comparar com os do ano passado.

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