Crianças de Silves leem com mais “cãofiança”

ouvir notícia

Um cão ouvinte permite melhorar a capacidade de leitura das crianças

Os cães ‘MoMo’ e ‘Pipa’ são as estrelas do projeto-piloto “L.E.R. Cãofiante”, que arrancou no município de Silves, no início de 2014, estando a atrair as atenções no país. Os dois cães são ouvintes calmos, atentos e desinibidores, ajudando assim a fortalecer a confiança dos mais novos

 

O projeto “L.E.R. Cãofiante”, que funciona desde o ano letivo 2013-2014 em Silves, continua a atrair atenções a nível nacional. Este ano, o projeto da autarquia está a ser implementado na escola EB1 do Enxerim, com alunos de 2º ano.

- Publicidade -

“A ideia é ajudar um grupo controlado de alunos a superar as suas dificuldades ao nível das competências leitoras e da relação entre pares, beneficiando da presença de ouvintes atentos e facilitadores do processo terapêutico: os cães”, adiantam os responsáveis da iniciativa, frisando que o objetivo é incentivar a leitura e fortalecer a confiança das crianças em si mesmas.

“Não há terapia melhor que praticar a leitura em voz alta para um cão”, explicam os promotores do projeto, que já foi testado com algum grau de sucesso em várias escolas dos Estados Unidos, Canadá e também em alguns países europeus.

A função dos animais resume-se a levantar as orelhas e a olhar fixamente para as crianças que leem para eles durante a sessão mensal.

“Os cães funcionam como um estímulo multissensorial, que fomenta a atenção, a concentração e a cooperação das crianças nas tarefas propostas, contribuindo para elevar a expectativa das crianças relativamente à sua capacidade para superar dificuldades e aumentar a sua autoestima”, sublinham os técnicos da biblioteca e os psicólogos da autarquia que coordenam o projeto.

Incentivar o gosto pela leitura

“Estas ações permitem não só melhorar a capacidade de leitura das crianças como incentivar o gosto pela leitura através da utilização de um animal, neste caso de um cão ouvinte”, sublinham.

“Estudos e programas nesta área demonstram que a convivência com animais melhora as capacidades de sociabilização, reforça a autoconfiança das crianças, conseguindo dessa forma bons resultados na capacidade de leitura”, acentuam os promotores, frisando que, ao lerem com um cão, “as crianças começam imediatamente a relaxar e esquecem-se de se sentir nervosas”.

“Antes mesmo de se darem conta, elas começam a apreciar a experiência de ler em vez de a temerem, uma vez que o seu ouvinte está atento e calmo e não julga nem critica quando as crianças cometem erros de leitura”, adiantam.

Em resultado deste projeto, técnicas da Câmara de Silves serão formadoras numa iniciativa da Associação Portuguesa de Bibliotecários e Arquivistas BAD, que terá lugar a 25 de maio, das 10h00 às 17h00, no Instituto Camões, em Lisboa. Este seminário dirigido a profissionais das bibliotecas versará a “Leitura Assistida por Animais” nestes espaços.

Projeto motiva teses de mestrado

Aliás, este projeto da autarquia – o “L.E.R. Cãofiante” –, conta já com uma análise feita numa tese de mestrado. Margarida da Silva Calado apresentou recentemente (em janeiro de 2017) o seu trabalho sobre esta iniciativa. O principal objetivo da investigação era avaliar o impacto deste programa ao nível da motivação, das emoções e dos hábitos de leitura das crianças, bem como ao nível das práticas de literacia familiar, essencialmente na componente de atividades assistidas por animais, que decorriam na biblioteca de Silves.

Neste estudo, o grupo de intervenção era composto pelos alunos das duas turmas de 1ºano que participaram no “L.E.R. Cãofiante”, no ano letivo 2015/16, enquanto o grupo de controlo foi composto por duas outras turmas de 1º ano que não tiveram acesso ao programa (uma de Silves e outra de Odivelas).

“A nível estatístico foi observado que o grupo de intervenção registou melhorias em comparação ao grupo de controlo em diversos fatores, nomeadamente ao nível do prazer da leitura, do valor e importância atribuídos à leitura, e do tempo dedicado à leitura de histórias em família, sendo que estas diferenças entre os grupos foram estatisticamente significativas”, realça a investigadora, salientando ainda a boa relação existente entre todos os participantes no projeto, incluindo os dois cães – o MoMo e a Pipa –, bem como a satisfação gerada pelo projeto.

(NOTÍCIA PUBLICADA NA ÍNTEGRA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – DIA 4 DE MAIO)

Nuno Couto | Jornal do Algarve

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.