CRÓNICA DE FARO

 

Um testemunho de cidadania

O património humano e cívico de Faro e do Algarve ficou mais pobre com a recente morte provocada por doença grave, do coronel de infantaria Manuel Francisco da Silva, um impoluto e exemplar cidadão, que nos deixou aos 81 anos de idade.

Militar com uma carreira brilhante e detentor de várias e elevadas condecorações o “Manel” como sempre e afectivamente era tratado, nascera em São Marcos da Serra e veio, menino e moço, naqueles anos 40, para a “cidade maior da sua região”, que tanto amava, a fim de estudar, fazendo-o, como em muitos e muitos casos acontecia então pela carência de estabelecimentos escolares secundários e oficiais no Algarve, nos extintos colégios particulares, já extintos, Pedro Nunes (Rua Castilho) e Algarve (Rua Filipe Alistão).

Prosseguiu os estudos militares, ingressando na carreira das armas e sempre se impôs pela sua verticalidade, companheirismo e espírito de conciliação, “construindo pontes” em vez de erguer muros de incompreensões e intransponibilidades.

Serviu durante décadas o exército, quer em Portugal, como nas antigas colónias e teve um papel destacado no Comando Distrital de Faro da PSP (Polícia de Segurança Pública), que chefiou, com prudência, dedicação e mérito, durante quatro períodos e em tempos, nalguns casos bem difíceis pelas contigências da época.

Foi então que o coronel Manuel Francisco da Silva instituiu, naquilo que hoje se inclui e chama de “policiamento de proximidade”, as reuniões mensais com a Imprensa, em que ao longo de um “almoço de cantina”, nas instalações do Comando à rua do Ferregial, se analisavam relações, casos, omissões e se adensava um maior, mais frontal e transparente e “olhos nos olhos” colaboração entre os jornalistas e os responsáveis policiais.

Foi, durante um curto espaço de tempo, incomensuravelmente muito menos do que o concelho precisava, eleito porque votado como cabeça de lista da AD, presidente da Câmara Municipal de Faro, funções de que se demitiu por discordância plena e total com as guerrilhas políticas em detrimento da acção positiva e benéfica para a comunidade.

Foi-o então como em toda a vida – honesto, sério, íntegro, vertical, este saudoso algarvio, coronel Manuel Francisco da Silva, que recordamos com amizade e os atributos que, por unanimidade lhe foram sempre conhecidos.

João Leal

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1 COMENTÁRIO

  1. Acrescento que o Cor. Manuel F. Silva:
    Cumpriu várias comissões no Ultramar, tendo sido condecorado com a Cruz de Guerra de 4.ª classe, em 1970, no comando da Companhia de Caçadores 1681, na Guiné.
    E que descanse em Paz.
    Cor. Manuel Bernardo

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