CRÓNICA DE FARO:

Descoberta a descoberta, achado após achado, vai emergindo com uma cadência verdadeiramente invulgar, a importância de Faro como cidade notável do período em que o povo Romano houve a sua ocupação. Esta Óssonoba, dos tempos idos, surge cada vez como um vasto e extenso museu surgidos do seu subsolo, à justa medida que as escavações acontecem.
Zonas há, justificando em pleno o que eminentes investigadores e homens de História o traçaram, a sua utilização como urbe organizada com uma vida social, económica e civil organizadas saindo da barbárie de outros tempos muito mais recuados, conforme diz o prof. Teodomiro Neto, nesse livro admirável para a cédula de identidade de Faro – “Cidade Árabe, Romana e Cristã”. Vem escrito a propósito do recente achamento ou descoberta na rua Francisco Barreto (uma transversal entre o Largo da Estação e a rua do Infante D. Henrique de vários pios de salga do atum, onde se fabricava e preparava o disputado gárum, a partir do atum e tão querido das gentes que Júlio César e outros imperadores foram “deuses e senhores”. Naquela artéria, outrora tão pacífica com as primícias e o moinho de vento da horta do sr. Leal e o campo de futebol da malta da minha geração, quando se procedia à abertura dos alicerces para construção de uma novel unidade hoteleira, nos antigos armazéns que foi serração de madeiras do sr. Mateus da Silveira durante muitos e muitos anos, surgiram os restos desta antiga fábrica de salga de peixe e estruturas de apoio, a funcionar há mais de dois anos. A escassa distância, no cruzamento das ruas Infante e Ventura Coelho foi encontrado esse orgulho das gentes de Faro, o gigantesco mosaico conhecido por “Deus Oceano” e hoje patente no Museu Municipal como uma das suas peças de maior valor. Um pouco mais adiante, onde se situa o pavilhão gimnodesportivo da Escola Afonso III, dizia-nos o mestre do saber professor Pinheiro e Rosa da existência de um cemitério romano e no final da rua Gil Eanes (rua da Perreira) um cais acostável da época romana, tudo “entaipado” pelos seculares interesses imobiliários, que o não são de hoje.
Temos ainda mais um bocado romano de Faro para mostrar que convém não destruir e elaborar como que um “Guia de Faro Romana” dispersa pela capital sulina.

João Leal

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