Vítima de prolongada doença, faleceu aos 84 anos de idade, o Dr. José Luís Leite da Silva Louro, por todos os que tiveram o excelso ensejo de o conhecer apenas o “Zé Louro”, educador, homem civicamente vertical, semeador da cultura, encenador teatral, uma entrega total e em plenitude a esta comunidade de Faro, que um dia, em tão feliz e boa hora, escolheu para viver e dar-se totalmente no imenso manancial de que era detentor. A notícia espalhou-se Algarve e País em fora pela muita estima. Elevado apreço e grande consideração que lhe eram, com toda a justiça, dedicados …e bem o merecia!
Foi nos finais da década de 50 e princípios de 60 do século XX, esse período tão culturalmente marcante na capital algarvia (Ramos Rosa, Casimiro de Brito, Gastão Cruz, “Cadernos do Meio Dia”, Grupos de Teatro de Faro (TAF – João Pires) e do Círculo (Família Campos Coroa), Jograis, Cine Clube, etc, etc, que o Dr. José Louro aportou a Faro para ensinar (ele que foi, por excelência, um educador no Liceu João de Deus. Com ele trazia o sonho de encenar a conhecida peça de Samuel Becket “À espera de Godot”, que a Censura não deixou que subisse à cena. Mas nada o parou, nem a inovada ação docente (com aprumo, o conhecimento de ser um dos mais letrados em poesia pessoana e a fraternidade que espalhava a rodos), nem o assumir-se, com toda a naturalidade que o caracterizava, como “semeador da cultura”.
O velório, que iniciado na Igreja de ao Pé da Cruz, prosseguiu, com todo o simbolismo no “hall” do Teatro das Figuras e a expressiva manifestação de pesar até ao cemitério, atestam, a par de muitas outras formas (as condolências oficiais da Delegação Regional da Secretaria de Estado da Cultura e da Câmara Municipal de Faro, são uma referência) e o pesar que se via a “olhos vistos” nos amigos e conhecidos do “Zé Louro” (galardoado em 2016 com o “Prémio Maria Veleda”), referem a grandeza moral, cívica e intelectual deste homem, cuja morte representa uma perda para Faro e para o Algarve!
João Leal