CRÓNICA DE FARO: "Mau tempo no canal"

Escolhemos propositadamente para título desta crónica o seu homónimo do renomeado livro desse grande escritor e mestre, que foi o açoriano Vitorino Nemésio e com quem tanto aprendemos quer na leitura dos seus escritos como nas inolvidáveis intervenções na RTP. E isto porque, tal como acontece nas águas atlânticas entre as ilhas do Pico e do Faial, também a já histórica Casa dos Açores no Algarve passa por um período menos compatível com o que tem sido o seu valioso currículo ao longo de mais de vinte e seis anos de existência oficial.

Do grupo fundador, uma plêiade de dedicados filhos da sua «Terra Nostra», tem sido, unanimemente reconhecido o seu obreiro número um, essa figura de Ruben Santos, presidente diretivo ao longo de muitos e vários mandatos, um honrado cidadão e homem de bem que, quer na Terra Mãe da Horta (Faial), como em Moçambique ou nos Estados Unidos, se impôs pelo seu caráter, espírito realizador e virtudes cívicas. Junto com sua esposa, D. Aldina Mendonça Santos e filhos, contra ventos e marés e não obstante os múltiplos problemas que este exemplar clã familiar tem enfrentado com determinação e firmeza, eles hão-se havido como as colunas de sustentáculo da «prestimosa Casa dos Açores no Algarve.

Foi nos inícios de 1992 que um dedicado grupo de ilhéus criou o «Núcleo dos Açores no Algarve», estrutura regionalista não oficializada, que se manteve durante algum tempo até que a 18 de Maio de 1993, por escritura oficial, era constituída a «Casa dos Açores no Algarve», fazendo parte do núcleo de fundadores, além de outros: Ruben Santos, Pedro Férin, José Manuel Palmeiro, José Luís Mota Vieira, Jaime Vieitas, Aldina Mendonça Santos, Henrique Matos Francisco e outros bons e dedicados açorianos.

Da profícua e entusiasta ação operada com um reconhecido amor à região autónoma ressalta uma plêiade de valiosos testemunhos, entre os quais destacamos: uma maior coesão e solidariedade entre todos os ações residentes no Algarve e promoção da identidade «da terra e da gente do basalto e do mar, dos caçadores de cachalotes, de fé no Divino Espírito Santo, da partida constante ao encontro de horizontes que o sonho enaltece ou, apenas, na fuga aos fenómenos telúricos, jamais esmorece sempre que galgada a fronteira que confirma a ilha e faz do mar o caminho necessário»; do renascimento culto ao Divino Espírito Santo em terras do Sotavento Algarvio de onde havia ido séculos volvidos; da geminação de terras casos de entre Lagoa de um e do outro lado Atlântico; das Semanas Culturais no Algarve; de exposições, palestras (uma verdadeira Universidade Popular Aberta); de presença em feiras, caso da Fatacil e outras; da vinda escritores, pensadores, artistas, políticos e figuras de referência…

O reconhecimento oficial tem acontecido através de várias distinções, como a outorga, pelo Município de Faro, da «Medalha de Mérito»; pelo Governo Regional e Delegação das Comunidades, co marcantes testemunhos nos Congressos Regionais das Casas dos Açores.

Este tempo, que nós apelidámos, parafraseando o sempre lembrado Vitorino Nemésio, de «mau tempo no casal», identificado como de menos atividade ali no n.º 7 do Largo da Estação, tem que conhecer outra feição e, de novo toda a crença, fé e génese das honradas gentes açorianas a revivificar a sua Casa no Algarve!

João Leal

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