CRÓNICA DE FARO: Na morte de Otílio Dourado, fundador do rancho folclórico da Luz

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Foi um doloroso golpe sentimental o que sofri quando, por afetuosa atenção de seu filho Jorge me foi comunicada a morte do meu “compadre”, assumido “costeleta” e grande amigo Otílio Fernandes Correia Dourado. Enquadra-se no número de algarvios notáveis do nosso tempo que mais destacados serviços prestou à região mãe, promovendo através do Rancho Folclórico da Luz de Tavira em todo o País, a Europa, a América do Norte e o Norte de África, o Algarve, de modo próprio através dos seus dançares, cantares, trajes e costumes. Nascido na Luz de Tavira, há 86 anos e onde sempre viveu, viúvo, foi o chefe da estação local dos CTT, de que se encontrava aposentado e um dos mais conceituados folcloristas algarvios de sempre. Frequentou a Escola Industrial e Comercial de Tomás Cabreira, em Faro, cujo Curso de Comércio concluiu e muito se orgulhava da sua honrosa e honrada condição de “costeleta”. Em 1963 fundou o Rancho Folclórico da Casa do Povo da Luz de Tavira que, em 1966, seria reestruturado em colaboração com o saudoso ensaidor e bailador Jorge Bento. Este aplaudido agrupamento folclórico luzense, que contou com o apoio e saber do sempre lembrado Henrique Bernardo Ramos (Grupo Folclórico de Faro, decano dos ranchos algarvios de folclore), foi em 1971 proibido de atuar sob o seu nome de origem, devido a uma determinação corporativista do Delegado Distrital do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência e “acolhido” na Fuseta passando a usar a designação de Rancho Folclórico do Sport Lisboa e Fuseta. Em 1978, graças ao espírito democrático criado pela Revolução dos Cravos voltou à sua origem, existindo até hoje com o nome de Rancho Folclórico da Luz (Tavira).
Para além dos milhares de espetáculos que realizou por esse mundo fora, sempre com a dinâmica apresentação do Otílio Dourado, que foi também um exímio mandador do “balho mandado”, gravou vários discos, alguns em parceria com o conhecido artista minhoto Quim Barreiros.
Morreu o Otílio, que Deus lhe dê o eterno descanso como bem o merece. Nas pessoas de seus filhos e com um forte e incontido abraço de saudade apresentamos a expressão do profundo pesar a toda a família. Uma saudade que dói e que é o reflexo da muita dedicada amizade que unia!

João Leal

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