É assim, com a clara mas real frieza dos números, que o Relatório e Contas da AEDMADA (Associação para o Estudo da Diabetes Mellitus e Apoio ao Doente Diabético do Algarve) referente ao ano findo, expressa a falta de apoios das entidades governamentais para com a valiosa ação desenvolvida por esta prestigiada e dinâmica instituição no combate a uma das mais preocupantes pandemias do nosso tempo.
Contando atualmente com mais de 400 associados de todo o Algarve a AEDMADA, cuja clínica de diabetes e doenças metabólicas foi aberta em 2006 graças à dedicação, empenho e competência de um dos mais acrisolados médicos no combate a este flagelo, o Dr. Eurico Gomes (Prémio Carreira 2018 da Sociedade Portuguesa de Diabetologia) necessita da compreensão, apoio e carinho do sector público, de modo próprio do que se encontra ligado à saúde ou à defesa dos cidadãos, caso das autarquias, de que apenas um reduzido número, no caso algarvio, mantem protocolos com a associação. Importa referir que há oito anos o protocolo com a ARS (Administração Regional de Saúde) aguarda a necessária, urgente e fundamental assinatura que liberte no quadro legal instituído os meios necessários a um desejado intervencionismo nesta delicada e pragmática área da doença, de modo próprio na sua prevenção e redução do elevado número de diabéticos com todo o seu sinistro e indesejável cortejo de mazelas, pois que “a diabetes mellitus é uma doença crónica e progressiva, que pode trazer graves consequências para a saúde e bem-estar individual e está associada a elevados custos sociais e dos sistemas de saúde”. Como se lê, neste documento: “Continuámos a identificar a necessidade de uma maior aposta na Gestão Integrada da Doença Crónica e uma maior aposta e reforço nos cuidados primários de saúde”.
São caminhos que definem claros e esclarecedores caminhos a trilhar nesta área para que o número de diabéticos (talvez mais de 40 mil no Algarve) possa ser reduzido, tal como se objetiva para diminuir a percentagem de indivíduos com diabetes não diagnosticada através da avaliação de risco e diagnóstico e tratamento precoce, reduzindo as hospitalizações por complicações causadas pela doença e diminuir o número de amputações maior ao pé diabético.
Esta missão desenvolvida pelo entusiasmo de quantos estão empenhadas na AEDMADA merece seja revista a posição das entidades do poder local e, de sobremodo, dos responsáveis pela saúde na nossa região.
João Leal