A cidade capital sulina tem uma dívida de gratidão para com a memória de El-Rei Dom João III, de cognome “O Piedoso” (pela sua forte vocação religiosa permitindo a instauração da “Inquisição” em Portugal ou “O Colonizador” (pela ação feita nos territórios ultramarinos, mormente no Brasil), que governou os “Reinos de Portugal, doa Algarve, de Aquém e Além Mar… entre 1521 e 1557.
É que foi este monarca que, a 7 de Setembro de 1540 (véspera do dia de Santa Maria de Faro, motivo do poema de Afonso X, O Sábio, de Castela (Cantiga de Santa Maria), invocação mariana e com São Pedro os oragos do burgo, elevou Faro à categoria de cidade, o que motivou talvez e em 1577, sendo Prelado o Bispo Dom Jerónimo Osório, a transferência da sede da Diocese de Silves para a mesma.
Nem uma rua ou uma praça com o nome do monarca da Casa de Bragança (existem-no em Coimbra, onde uma estátua foi erigida em sua memória, Odivelas, Oleiros, Vila do Conde, Ponta Delgada, etc). Faro tem esquecido, ao longo dos séculos e já lá vai quase meio milénio, a gratidão que é devida ao filho de D. Manuel I, “O Venturoso”, por esta sua atitude e determinação, que não obstante o reconhecimento régio pelo desenvolvimento e valorização da cidade à beira-ria plantada, motivou a sua entrada nos principais burgos portugueses e abriu caminho a novos patamares, como a capitalidade regional que, centúrias mais tarde, lhe seria outorgada.
Trata-se de um dossier em aberto que importa corrigir fazendo figurar o nome de D. João III na toponímia farense e, o que não invalida nem colide com esta deliberação camarária, o erigir de um momento, numa cidade que é parca de grande estatuária pública, numa das principais praças locais.
Talvez que a Praça da Liberdade (vulgo Pontinha) fosse um local apropriado para a sua implantação.
João Leal