Bastaram um telefonema e duas horas de espera para obter a certidão do registo criminal da própria mulher. A ligação terá sido feita por Miguel Relvas, ex-ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares do Governo de Passos Coelho.
A notícia divulgada esta manhã pelo jornal “i” diz que Relvas pediu uma cunha a António Figueiredo, então presidente do Instituto de Registos e Notariado, para resolver um problema pessoal. O matutino adianta até que o documento terá sido entregue em mãos pelos motoristas da instituição.
António Figueiredo estaria já na altura a ser investigado por suspeitas de corrupção na atribuição de vistos gold quando o pedido de Relvas aconteceu. Maria Sousa, mulher do ex-ministro precisava viajar para Angola e, para conseguir o visto de entrada, necessitava de uma certidão do registo criminal. Com o telefonema de Relvas, em duas horas, estava tudo resolvido.
As escutas da Polícia Judiciária, no âmbito da investigação a António Figueiredo, revelam que este alto quadro da Administração Pública terá beneficiado algumas pessoas, evitando-lhes o pagamento de taxas de urgência ou as idas para as filas, cometendo desta forma crimes de abuso de poder.
O “i” explica que o episódio envolvendo Miguel Relvas é relatado num acórdão do Ministério Público, do Tribunal da Relação de Lisboa. A lista de alegados beneficiários envolverá ainda nomes como o do ex-jogador do Benfica, o brasileiro David Luiz, que em maio do ano passado precisava resolver o seu processo de nacionalização e, mais uma vez, António Figueiredo terá participado na solução do problema.
RE