Cutileiro: Câmara de Lagos lembra escultor como um génio

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A Câmara de Lagos, cidade onde João Cutileiro viveu entre 1970 e 1985, e que acolhe a sua escultura “D. Sebastião”, lamentou a morte de “um [dos] grandes vultos artísticos” portugueses, lembrando-o como um “génio” e um “lutador”.

O escultor estudou e viveu durante uma temporada em Londres, no Reino Unido, tendo regressado a Portugal em 1970, fixando-se primeiro em Lagos, onde permaneceu por mais quinze anos, e depois em Évora. 

No atelier da cidade algarvia, empenhou-se na construção das primeiras figuras bífidas e daí saiu a polémica obra “D. Sebastião”, erguida na praça Gil Eanes, dividindo as opiniões, desde as críticas ao seu “capacete integral”, aos rasgados elogios pela nova sintaxe impressa na escultura portuguesa.

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“Hoje perdemos João Cutileiro, artista, génio e lutador. (…) Portugal perde um dos seus grandes vultos artísticos, mas fica a sua obra: irreverente, poderosa e eterna”, lê-se numa nota da Câmara de Lagos, publicada nas redes sociais.

Em Lagos, ergueu as obras “Vénus Deitada”, na Rua Portas de Portugal, um tríptico “Alcácer Quibir” e “Lagos e o Mar”, no Jardim da Constituição, assim como a estátua d’El Rei D. Sebastião, inaugurada no início da década de 1970, e que desafiou o Estado Novo e os convencionalismos da escultura em Portugal. 

Em 1985, João Cutileiro, que hoje morreu em Lisboa, aos 83 anos, mudou-se de Lagos, no Algarve, para Évora, onde se fixou e onde deixou exposta, na sua própria casa, boa parte de uma obra multifacetada.

Também a Câmara de Vila Real de Santo António, no extremo oposto do Algarve, lamentou a morte do escultor João Cutileiro, elogiando a versatilidade da sua obra e a forma como moldava os mais diversos materiais.

Naquela cidade, conhecida como pombalina pelo facto de a zona mais antiga ter sido mandada edificar pelo Marquês de Pombal, dentro dos padrões urbanos da sua administração, ergue-se a escultura “Sebastião José de Carvalho e Mello – Marquês de Pombal”, de João Cutileiro, instalada na Avenida da República, em 13 de maio de 2009.

João Cutileiro é também autor do monumento ao 25 de Abril, instalado no Parque Eduardo VII, em Lisboa.

Nascido em 1937, em Lisboa, João Cutileiro viveu e trabalhou em Évora desde 1985. 

Frequentou os ateliês de António Pedro, Jorge Barradas e António Duarte, de 1946 a 1950, tendo feito a sua primeira exposição individual (“Tentativas Plásticas”) em 1951, com 14 anos, em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.

Cutileiro foi condecorado com a Ordem de Sant’Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa, este último, concedido em 2017. 

Em 2018, quando recebeu a Medalha de Mérito Cultural, numa cerimónia no Museu de Évora, foi formalizado o anterior compromisso de doação do espólio de João Cutileiro ao Estado português, em 2016, e assinado um protocolo que envolveu o Ministério da Cultura, o município e a Universidade de Évora.

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