David Cameron enfrenta Parlamento após divulgar declarações fiscais

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David Cameron vai tentar retomar a sua iniciativa sobre impostos, apresentando esta segunda-feira na Câmara dos Comuns planos do governo que prevêem sanções penais para as empresas que facilitem aos seus funcionários fugirem ao fisco e prevendo-se ainda que anuncie uma cimeira anti-corrupção para 12 de maio no Reino Unido.

Esta é uma tentativa desesperada de trazer para a agenda política do país ações práticas de combate à evasão fiscal, numa altura em que a oposição, liderada pelo Partido Trabalhista, continua a exigir que Cameron dê respostas sobre a sua própria situação fiscal.

No final da semana passada, e depois de ter ganhado protagonismo no caso Panama Papers ao ver ser tornada pública a ligação do seu pai à Mossack Fonseca, Cameron decidiu divulgar as suas declarações de impostos e rendimentos a partir de 2009. A intenção era tentar demonstrar que tem a ficha limpa, após o seu pai, Ian Cameron, ser citado em alguns dos mais de 11 milhões de documentos da sociedade de advogados panamiana Mossack Fonseca — que o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), de que o Expresso é parceiro, começou a divulgar a 3 de março.

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Depois de vários dias de silêncio, na quinta-feira Cameron assumiu que lucrou com os negócios offshore do pai, decidindo tornar públicas as suas declarações. E o facto de ter recebido 200 mil libras da mãe através de duas transferências bancárias de 100 mil cada em 2011 levantou de imediato dúvidas. As transferências surgiram no ano a seguir ao pai de Cameron morrer, deixando em aberto a possibilidade de o “presente” da mãe ter sido uma forma de escapar aos impostos sobre herança que seriam cobrados sobre esse dinheiro.

Na sexta-feira, Jeremy Corbyn, líder do Labour, declarou que Cameron perdeu a confiança dos britânicos e que deve dar respostas no parlamento sobre as incongruências fiscais. Ao longo do fim de semana, milhares de manifestantes estiveram reunidos em frente a Downing Street exigindo a demissão de Cameron por ter lucrado cerca de 30 mil euros com a venda de 5 mil ações da empresa offshore do pai.

Esta segunda-feira, o primeiro-ministro vai ao Parlamento tentar mudar o foco das atenções mediáticas para novos planos de combate à evasão fiscal, uma promessa de campanha antes das legislativas de 2015, durante a qual definiu como prioridade do seu governo “atacar a evasão fiscal, total ou parcial, e controlar os esquemas de ‘controlo e planeamento’ fiscal” quando se provarem danosos para os cofres do Estado. Não há, para já, qualquer indicação de que pretenda ceder à pressão nas ruas.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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