De saída, Fernando Rosas diz que vida parlamentar pode levar a “alheamento da realidade”

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Os deputados devem dar “mais voz aos cidadãos” na sua atividade parlamentar e contribuir para a “educação pela cidadania” num país com uma sociedade civil “pouco organizada”, defende o historiador e deputado do BE, Fernando Rosas.

“O Parlamento por vezes tem essa lógica de ser um bocado um clube endogâmico, que puxa para dentro, cortando as pessoas da realidade. Se as pessoas se descuidam, parece que a Assembleia é o centro do mundo e da vida, e não é”, afirma Fernando Rosas, numa entrevista à Agência Lusa.

O parlamentar, que no fim de outubro abandona o cargo, considera por isso que o Parlamento pode representar “um risco”, ressalvando contudo não estar a criticar o que diz ser “a base da democracia”.

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“Apenas no estrito sentido que lhe estou a dizer, o Parlamento é a base da democracia, mas tem de ser vivido com cuidado, principalmente por parte dos deputados de esquerda”, diz, apontando uma crítica ao PS e ao PSD.

“Isso é uma realidade para os partidos grandes, estão instalados no Parlamento e nalguns casos totalmente alheados da realidade”, considera.

O historiador aponta como especialmente importante para os partidos de esquerda “esse contraponto com a realidade e o contacto com os cidadãos”.

“É uma questão de orientação e de cultura política, acho que os partidos da esquerda alternativa têm essa cultura mais vincada”, defende.

Para Fernando Rosas, a “pouca participação, pouca iniciativa e auto organização cidadã” em Portugal leva “a que tudo se centre tanto no Parlamento” e não tanto noutro tipo de ação política.

O deputado bloquista assinala ainda que a atividade parlamentar é a representação dos cidadãos e que cabe aos eleitos lutar contra a falta de participação cívica: “Temos que dar voz às pessoas, essa é a essência da representação política republicana”.

“Os deputados têm muitos instrumentos à sua disposição, um deputado empenhado na defesa dos seus pontos de vista e da população tem uma grande margem de manobra”, sublinha, considerando que “o Parlamento tem de reforçar a sua legitimidade”.

AL/JA

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