Degelo do Ártico atinge níveis históricos

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Evolução negativa no gelo do Ártico poderá piorar nas próximas duas ou três semanas, advertem cientistas norte-americanos. Fenómeno “radical” será determinante para o aquecimento do planeta.

O aquecimento global está a derreter a calote glaciar do Ártico a uma velocidade surpreendente. O oceano perdeu mais gelo no ano em curso do que em qualquer outro período desde que há registos por satélite, ou seja, 1979. E o degelo atingiu este mês um valor recorde, o mais elevado dos últimos 33 anos, segundo a NASA.

O fenómeno, advertem os cientistas, poderá fazer com que “as temperaturas fiquem mais extremas nas regiões mais distantes dos polos terrestres. Isto, porque o Ártico tem sido determinante para as condições climáticas do planeta, atuando como o ar condicionado do mundo.

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Segundo informações só ontem divulgadas pela NASA e pelo Centro norte-americano de Dados sobre a Neve e os Gelos, no passado domingo a extensão de gelo no Ártico caiu de 4,17 para 4,10 milhões de quilómetros quadrados, valores muito próximos das estimativas apontadas na véspera por cientistas noruegueses e dinamarqueses.

De acordo com o cientista Joey Comiso, pesquisador principal no Goddard Space Flight Center da NASA, apesar de as temperaturas altas neste verão não terem sido fora do comum, ao contrário do que aconteceu em 2007, a acentuação do fenómeno este ano foi provocada pelo facto de o calor de anos anteriores ter reduzido o gelo perene do Ártico, que é mais resistente ao derretimento.

Degelo anunciado

Peter Waadhams, da Universidade de Cambridge, recorda que “diversos cientistas previram há alguns anos que o degelo se ia acelerar e que em 2015 ou 2016 o verão do Ártico já não teria gelo”.

“Esta previsão, considerada então alarmista, está a tornar-se realidade. O gelo ficou tão fino que irá inevitavelmente desaparecer”, afirma Waadhams.

Segundo afirmou este cientista, “medições feitas por submarinos mostram que a região perdeu pelo menos 40% da sua espessura desde os anos de 1980. Isto significa a morte inevitável da cobertura de gelo, uma vez que agora o processo é acelerado. Enormes áreas com água à vista reúnem as condições favoráveis para que as tempestades provoquem grandes ondas, as quais quebram o gelo restante, acelerando o seu derretimento”, explicou.

“As implicações são graves. As maiores áreas de água à vista reduzem o albedo médio (medida relativa da quantidade de luz refletida) do planeta, acelerando o aquecimento global. Verificamos, também, que está a provocar o derretimento do permafrost (solo composto por terra, gelo e rochas congeladas), libertando grandes quantidades de metano, um poderoso gás causado do efeito de estufa”, acrescentou Waadhams.

O degelo está também a afetar a fauna que reside no Ártico, como os ursos marinhos e as focas, entre outros.

Impacto real desconhecido

Os cientistas não sabem qual vai ser o impacto real do degelo do Ártico. Mas uma coisa é certa, estará certamente relacionado “com as altas probabilidades de tempo extremo como a seca, inundações ou ondas de frio ou calor”, como aponta um estudo realizado em princípios deste ano e publicado na revista “Geophyscal Research Letters”.

Esta situação dramática já teve como consequências a perda de glaciares no Alasca e Canadá, e inclusive de parte da Gronelândia.

Os oceanos mais quentes poderão agravar a situação na Gronelândia, o que contribuiria para a elevação do nível do mar e para alterações na salinidade da água, que por sua vez poderão alterar as correntes oceânicas que ajudam a controlar o clima na Terra.

Maria Luiza Rolim (Rede Expresso)
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