Delegada Regional de Saúde refuta acusações e garante controlo do vírus

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A Delegada Regional de Saúde, Ana Cristina Guerreiro, afirmou ao JA que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve “tem conseguido dar resposta” à situação epidemiológica nos concelhos de Vila Real de Santo António e Castro Marim, que já somam mais de 700 casos ativos de covid-19 e que manifestaram intenção de colaborar com a saúde pública

A delegada regional refere que “a equipa local do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Sotavento não tem reconhecido mais-valia na alteração do funcionamento da sua estrutura” e que não tem conhecimento “que tenha ficado algum caso sem inquérito epidemiológico realizado nas primeiras 24 horas”.

No entanto, Ana Cristina Guerreiro salienta que “quer a nível local, quer a nível regional”, existe abertura total “a soluções de colaboração institucional”, apesar de “uma solução excelente num município poder não o ser para outro e que cada realidade local na região Algarve pode ser muito diferente, daí exigir resposta e solução diferente”.

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“A missão das equipas de saúde pública é a de quebrar cadeias de transmissão. As autarquias têm as suas funções específicas, podendo colaborar”, acrescenta.

Na opinião de Ana Cristina Guerreiro, os pedidos de colaboração dos municípios para com a ARS servem “para mostrar trabalho nesta área aos munícipes, porque sabemos que é valorizado”, mas observa que “no entanto, essa necessidade tem que ser sentida pelas Equipas locais, senão faz lembrar a história do escuteiro a querer obrigar a velhinha a atravessar a estrada com a sua ajuda, sem que ela o pretenda”.

A delegada regional confirma o elevado número de casos de covid-19 no sotavento, tendo “aumentado o tempo de trabalho dos profissionais envolvidos e de ter incorporado mais profissionais de saúde na equipa” para combater a pandemia.

Castro Marim quer colaborar

Por outro lado, a vice-presidente de Castro Marim, Filomena Sintra, revela ao JA que gostaria de colocar funcionários municipais a colaborar com a saúde pública, mas que “o ACeS do Sotavento entende que não tem necessidade”.

“Essa falta de capacidade de aceitar o apoio não é igual em todo o Algarve. Em Olhão, Loulé e Portimão aceitam. Isso deve-se à perceção que os diretores têm sobre o território. Eles acham que está a ser devidamente acompanhado e em tempo. A nossa perceção não é a mesma”, garante a vice-presidente.

A autarca refere que não tem informação “para poder colaborar com a ARS a vários níveis” e que a entidade de saúde regional considera que os dados são confidenciais e que as autarquias “têm de dar outro tipo de apoio”.

“Não sabemos quais são as pessoas que estão em vigilância, nem as que estão infetadas, porque há o princípio de que essa informação não deve ser partilhada com os municípios. No nosso mapa epidemiológico já nem colocamos quantos estão em vigilância”, confessa Filomena Sintra ao JA.

O concelho de Castro Marim soma mais de 200 casos ativos de covid-19 mas, como o município “é pequeno”, a autarquia tem conseguido apoiar a população. No entanto, a situação epidemiológica naquele concelho “está a atingir tal dimensão que é impossível, mesmo tendo o mesmo nível de atenção e apoio”.

A autarca acrescenta ainda ao JA que já foram reportadas situações de contactos tardios ou inexistentes por parte da saúde pública e que o município apenas consegue interagir com a ARS “através do delegado de saúde local, que está muito sozinho”.

VRSA não entende resistência em aceitar ajuda

A presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, revela ao JA que “não entende” a resistência feita pela ARS por não aceitar a ajuda das autarquias do sotavento algarvio no combate à pandemia.

“Nós estamos aqui para ajudar e há uma certa resistência. A delegada de Saúde local está disponível, mas tem de responder às ordens superiores”, refere.

A autarca acrescenta que o município está “há muito tempo” disponível para colaborar com a saúde pública regional, mas já receberam uma resposta e acusação por parte da diretora do ACeS do Sotavento, Dra. Luísa Prates.

“Disse-nos que nós estávamos a pôr em causa os profissionais de Saúde, mas não é nada disso. Como todos os seres humanos, estes profissionais precisam do seu tempo e têm de descansar. Os casos estão a aumentar e nós podemos dar uma colaboração, sem entrar na área da Saúde”, confessa.

O objetivo de São Cabrita era criar um call center, tal como existe em Olhão e Portimão, com linhas de apoio psicológico, social e para inquéritos epidemiológicos, com técnicos camarários “à disposição” para trabalhar.

“Nós poderíamos ajudar, mas não querem. Não é para a autarquia ter protagonismo, porque não temos interesse nenhum nisso. Era apenas para bem da população. Podíamos ajudar pessoas que estão sozinhas em casa”, salienta.

Em Vila Real de Santo António existem atualmente mais de 500 casos ativos, com a covid-19 distribuída “por toda a comunidade”, revela a autarca ao JA.

No entanto, os dados que a Câmara Municipal vilarrealense transmite regularmente à população, através da internet, são enviados pela ARS e pala Proteção Civil Regional mas não incluem os casos de pessoas em vigilância ativa.

“Desconheço os casos em vigilância. Pensam que eu escondo os dados, mas eu não faço isso. Portanto, eu não posso falar de uma coisa que eu não sei e que desconheço”, acrescenta.

No concelho de Vila Real de Santo António há, neste momento “muitas famílias que estão infetadas e outras que já passaram a negativo”, revela Conceição Cabrita, que considera que “o volume de trabalho é tão grande que não se consegue fazer todos os dias o ponto de situação”.

VRSA e Castro Marim no topo da tabela de risco

Os municípios de Castro Marim e de Vila Real de Santo António encontram-se no topo da lista de concelhos de risco extremamente elevado, com 2822 casos por 100 mil habitantes e 2139, respetivamente, segundo a Direção-Geral de Saúde.

Para combater este aumento de casos positivos de covid-19 nestes concelhos, “casos foi desencadeado um enorme esforço de reorganização no ACES Sotavento, mobilizando internamente vários profissionais de outras Unidades Funcionais, para o apoio às equipas de Saúde Pública com o mínimo impacto possível na normal atividade assistencial em conformidade com a norma 001/2021, datada de 20/01/2021”, afirma Ana Cristina Guerreiro ao JA.

A delegada regional de saúde do Algarve garante ainda ao JA que “nunca existiu um atraso no agendamento de testes” e que o centro de testagem de Vila Real de Santo António tem “uma capacidade equivalente ou superior às necessidades identificadas”.

Para a responsável, este aumento de casos no sotavento algarvio é semelhante ao resto do País e foi “gradualmente deste o Natal, sendo que regionalmente foi mais notório no município de Tavira, numa fase inicial, e depois nos municípios vizinhos, por relações de vizinhança”.

“Abrangeu essencialmente famílias. Todos os elementos de muitas famílias e também equipamentos sociais” como lares, creches e jardins de infância.

A delegada de saúde regional salienta ainda que as informações reveladas pela presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, à SIC no passado fim-de-semana, que referiu que a região “passou de 800 a 8000 testes a nível do Algarve”, não correspondem à realidade.

“Gostaria de referir que não percebo os números de testes referidos pela autarca de Vila Real de Santo António. Esclareço que no mês de janeiro de 2021, o número de teste efetuados no Serviço Nacional de Saúde e nos privados duplicou em relação aos últimos três meses de 2020”.

Segundo a responsável, foram “realizados cerca de 2000 testes diários na região e, o facto de serem realizados muitos testes pode e deve ser visto como positivo, pois indica que se foi conseguindo dar resposta à necessidade, que foi maior neste período”, aumentando a probabilidade de “não terem ficado casos por diagnosticar”.

GD/JP

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