Demissão do diretor geral das artes é ato de solidariedade com artistas

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A presidente da Associação Portuguesa de Realizadores, Margarida Gil, considerou hoje a demissão do diretor geral das Artes um ato de solidariedade para com os artistas, que se uniram num protesto comum contra os cortes anunciados no sector.

“É altamente compreensível que uma pessoa que detenha responsabilidades e respeite os artistas envolvidos nestes cortes se solidarize. É uma forma de solidariedade de quem não aguente esta forma discricionária, cruel e confusa com que a ministra [da Cultura] está a punir o setor”, afirmou Margarida Gil.

O diretor geral das Artes, Jorge Barreto Xavier, demitiu-se na sexta feira do cargo alegando “divergência” com a ministra da Cultura “sobre o modo de desenvolvimento das políticas de apoio às artes”.

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Contactada pela Lusa, Margarida Gil disse que a demissão de Jorge Barreto Xavier “só pode ser entendida como um desacordo” de alguém que não se solidariza “com a forma que a ministra tem de usar o cutelo”.

“É um enfraquecimento do Ministério. A ministra fica mais coxa. É um gesto simbólico, mas é todo o sector que se manifesta através desta demissão. O Ministério fica enfraquecido”, afirmou a realizadora.

Margarida Gil questionou ainda a informação hoje veiculada hoje na imprensa a propósito do reinício dos pagamentos por parte do Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual (FICA).

“É uma verdadeira provocação. É atirar areia para os olhos das pessoas dizer que o FICA é a grande solução para o financiamento do cinema, quando o FICA (…) mostrou através das suas políticas de execução ser um fracasso redundante e escandaloso”, afirmou.

“O Governo vai ter que recuar, e completamente inaceitável e não me parece que as pessoas vão desistir facilmente”, acrescentou Margarida Gil.

A demissão do diretor geral das Artes surge numa altura de grande contestação por parte dos artistas e criadores nacionais de várias áreas, sobretudo do cinema, do teatro, da dança e das artes visuais.

Em causa estão cortes orçamentais de dez por cento nos apoios do Ministério da Cultura aos artistas independentes, às fundações e a outros agentes culturais.

Desde que foram anunciados, em meados de junho, cortes orçamentais para os organismos tutelados pelo Ministério da Cultura e nos apoios a agentes culturais que os artistas começaram a organizar-se em plataformas para condenar e protestar contra as medidas do Governo.

Na opinião dos artistas, os cortes orçamentais – que o ministério alega só terem efeito no segundo semestre de 2010 – vão ter um impacto muito negativo no já frágil tecido cultural e colocar em risco a produção artística contemporânea portuguesa.

Na sequência dos protestos, esta semana, o Governo anunciou que os cortes nos orçamentos para institutos e direções gerais do ministério vão baixar de 20 para 12,5 por cento.

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