Despedidos da Litográfica do Sul esperam por justiça há mais de seis anos

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Em VRSA basta dizer a Gráfica, toda a gente sabe o que era, é como dizer Sésamo e o fio do pensamento… diz abre-te, mas não foi o caso da Gráfica, que fechou com 58 assalariados, 44 dos quais com salários em atraso e sem qualquer indemnização.


Não havia justificação económica para tal medida nem mesmo as lágrimas de crocodilo do Presidente da empresa nesse momento, membro da família Espírito Santo, Caetano Espírito Santo Beirão da Veiga, que reuniu os operários para dizer que a culpa foi do Ricardo Salgado que lhe tirou o tapete debaixo dos pés.

A realidade foi toda outra, a empresa tinha adquirido maquinas modernas, havia mais de 90 encomendas na carteira comercial e mesmo assim desencadearam um Processo Especial de Revitalização que foi o prelúdio do canto do cisne a que a Administradora de Insolvências pôs termo a 15 de Maio de 2015.

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Resultado, 44 operários com salários em atraso e nenhuma indemnização após decénios de bons e leais serviços com salário mínimo, com condições de trabalho difíceis pois o telhado não era isolado, glacial no inverno e tórrido no verão.

Neste Jornal, já se falou deste baluarte da indústria de VRSA, a Litográfica do Sul. Fundada nos finais de 1959 por Mortágua. Seguiram-se nomes bem conhecidos em VRSA, Jorge Farinha, Pepe Cumbrera, João Folques, Tenório, Neves e Pinheiro que tomaram as rédeas do negócio que começou a vacilar no reinado do filho dum dos fundadores, acabando esta empresa por cair no grupo da multinacional Higifarma, sendo mais uma das quatro empresas que tinham em Portugal, uma em Espanha e outra na Tunísia. A Higifarma continuou a actividade no ramo da impressão sob a batuta do seu representante local, Joaquim António Lacerda, que não deixou muitas saudades aos trabalhadores quando esta multinacional, sem razão aparente, desencadeou um Processo Especial de Revitalização.

Foto arquivo Jornal do Algarve

O balde de água fria deixou gelados 44 operários que deram uma vida de trabalho à Gráfica e foram despedidos com dois meses de salário em atraso. Houve reacções e a comunicação social relatou as manifestações que estes fizeram, mas infelizmente o resultado foi uma humilhação indescritível, porque nunca foi demonstrado a causa económica desta falência.

Cinco anos passaram num silêncio ensurdecedor da Administradora de Insolvências, muito se disse da finalidade daquele edifício enorme que ficou às moscas, mas todos esperavam que as justas indemnizações fossem pagas, porque falava-se que Moçambique e Angola pagaram as facturas em atraso e que o edifício foi posto à venda por um milhão de euros.

Aleluia, na última época natalícia os despedidos receberam uma carta do tribunal de comércio a dizer que a sra. Administradora de Insolvências prestou as devidas contas e o rol dos achados e perdidos e no final, sem uma única possibilidade de controlo, anuncia que cabe a cada dos despedidos um quinto do que legalmente tinham direito e sem um uníco juro de mora, e que tinham 10 dias para enviarem os dados para serem pagos.


Estamos quase sete meses depois e sem um único cêntimo e o mais grave é não saber o paradeiro da venda do edifício e algumas máquinas, o que evidentemente seria o suficiente para indemnizar todos os despedidos.

O processo não está saldado, entretanto o edifício está a ser transformado numa unidade de transformação de canábis, que obteve o Alvará de Obras de Construção n.º 45/2019 da CMVRSA com o termo do prazo de validade da licença no primeiro de Julho de 2020.

Actualmente, as obras continuam e nenhum aviso de publicitação de operação urbanística é visível no exterior, salvo as vigas para as modificações estruturais.


O Presidente, na época, da CM VRSA, prometeu a pés juntos que seria feita luz sobre este processo.


Como é possível a sua sucessor dar um alvará sabendo que havia ónus e encargos inerentes a um processo em curso? Esta injustiça não deve ser enterrada com os trabalhadores da Gráfica.

Infelizmente alguns já não são deste mundo.

Todos estão à espera da resposta do Tribunal do Comércio, Administradora de Insolvência, CM VRSA e demais cúmplices desta falência fraudulenta.

JUSTIÇA TEM DE SER FEITA!

LITOGRAFICA

António Oneto
*Castro Marim

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