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Vários leitores alertaram o Jornal do Algarve para um objeto voador não identificado que tem sobrevoado a região “quase diariamente”. Afinal o objeto é voador, mas está identificado
DOMINGOS VIEGAS
Durante os últimos meses recebemos alguns testemunhos de leitores que observaram uma misteriosa luz que cruza os céus da região algarvia, mais brilhante do que qualquer estrela, e que foi visível, algumas vezes, durante vários minutos. Uma das testemunhas chegou, inclusivamente, a enviar-nos, via e-mail, um vídeo gravado por telemóvel, a partir de uma varanda da cidade de Faro.
Ao contrário das “bolas de fogo” avistadas no final do ano passado e no início deste ano, que os especialistas explicaram tratar-se de fragmentos de meteoritos, tal como o Jornal do Algarve revelou numa das suas anteriores edições, desta vez o fenómeno foi bastante diferente, já que foi possível observar a referida luz a deslocar-se lentamente no céu estrelado.
A hipótese de se tratar de um avião foi imediatamente colocada de parte, tanto pelas testemunhas como por nós, já que se tratava de uma única luz, bastante intensa, e de características muito diferentes às de qualquer aeronave. Também não havia indicação de que algum avião estivesse a sobrevoar a zona naquele momento, já que há aplicações e páginas web que permitem verifica-lo. Nas redes sociais, houve, inclusivamente, quem se questionasse se os radares do aeroporto ou das forças armadas não teriam detetado o referido objeto.
Relatos coincidem com a hora da passagem da Estação Espacial Internacional
Mas o mistério, pelo menos, de algumas destas observações está desvendado. Tendo em conta a hora, os dias e a zona do céu em que o objeto foi avistado, muitas das observações coincidem com a passagem da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês de International Space Station) precisamente por cima da região algarvia.
Nos últimos meses, a altura da passagem da EEI chegou a ultrapassar os 40 graus em relação à linha do horizonte, o que tornou a observação bastante aliciante e espetacular.
Refira-se que a EEI pode ser observada e fotografada à vista desarmada e sem necessidade de qualquer equipamento especial. É o terceiro objeto mais brilhante no céu, logo a seguir ao Sol e à Lua. Fique também a saber que, se reside no Algarve, pode considerar-se um privilegiado para a observação daquela estrutura. É que esta nunca é observável por quem se encontra a latitudes superiores a 51,6 graus.
Quer saber a que horas está a estação por cima de si?
As observações são possíveis quase diariamente. A NASA disponibiliza um sítio na internet (spotthestation.nasa.gov) onde é possível saber quando e a que horas pode assistir à passagem da EEI. Basta introduzir o país (Portugal), a região (neste espaço deve coloca-se “nenhuma”) e a cidade (Faro, para quem estiver no Algarve).
A mesma página web dá ainda a possibilidade, mediante registo, de qualquer pessoa ser alertada, via e-mail ou sms, quando a EEI estiver visível.
Refira-se que a EEI passa 16 vezes ao dia sobre nós, mas quem se inscrever só receberá dois alertas diários, um para o amanhecer e outro para o entardecer, porque nas restantes passagens a observação é praticamente impossível.
A estrutura só pode ser vista quando o observador tem sobre si um céu suficientemente escuro e a estação espacial está a refletir os raios do sol.
Também já existem várias aplicações para ‘smartphones’ que permitem saber, com precisão, onde é que se encontra a estação espacial em qualquer momento.
A estação espacial consegue completar uma volta à Terra em apenas 90 minutos, já que se desloca a uma velocidade de cerca de 28.000 quilómetros/hora. Porém, como está a uma altitude de cerca de 400 quilómetros, quem observa fica com a ideia de que se trata de uma deslocação, de certa forma, lenta ao longo do céu, pois consegue ver o seu movimento durante alguns minutos. Como curiosidade, refira-se que, àquela velocidade, os astronautas podem ver o nascer e o pôr-do-sol 16 vezes por dia.
Centro de investigação no espaço
A EEI é um centro de investigação colocado na órbita terrestre e está considerada uma das maiores obras da engenharia. Funciona como uma estação espacial permanente tripulada, na qual trabalham, alternadamente, astronautas e investigadores das cinco agências espaciais envolvidas no projeto. A sua administração, gestão e desenvolvimento está a cargo de uma cooperação internacional que envolve a Agência Nacional da Aeronáutica e do Espaço norte-americana (NASA), a Agência Espacial Europeia (ESA), a Agência Espacial Federal Russa (FKA), a Agência Japonesa de Exploração Espacial (JAXA) e a Agência Espacial Canadiana (CSA).
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