Donetsk recuperada pelos ucranianos depois de ter sido declarada independente

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Edifícios governamentais em Donetsk foram tomados por ativistas pró-Rússia

As forças especiais ucranianas recuperaram a sede das forças de segurança da cidade ucraniana de Donetsk, anunciou o presidente Oleksandr Turchynov.

Milhares de ativistas pró-russos ocuparam, esta segunda-feira de manhã, a sede do Governo na cidade ucraniana de Donetsk e proclamaram a independência da região. Prometeram realizar um referendo, o mais tardar a 11 de maio, para verificar se o povo quer seguir os passos da Crimeia e juntar-se à Rússia. Ao mesmo tempo, pediram ajuda militar a Moscovo.

Os ativistas – armados depois de terem assaltado edifícios das forças de segurança – declararam a secessão da região de Donetsk, com cerca de cinco milhões de habitantes. Numa declaração divulgada no YouTube, falada em russo, um dos rebeldes anunciou a independência: “Com vista a criar um Estado popular, legítimo e soberano, proclamo a criação do Estado soberano da República Popular de Donetsk”. A região não dispõe, contudo, da autonomia de que a Crimeia gozava no seio da Ucrânia: não tem governo nem parlamento próprios.

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A Ucrânia, um país com 46 milhões de habitantes, vive em constante tensão entre o desejo de muitos de se aproximarem ao Ocidente e à União Europeia e o apego à Rússia e à memória da União Soviética de outros tantos. A Rússia, que aceitou a adesão da Crimeia e a festejou como reparação de uma injustiça, tem, de momento, dezenas de milhares de militares perto da fronteira ucraniana.

O clima deteriorou-se desde que, em fevereiro, manifestantes que estavam na rua desde novembro derrubaram o Governo eleito do presidente pró-russo Viktor Ianukovitch. Na Crimeia, o Executivo local, próximo de Moscovo, realizou o referendo a 16 de março, tendo 98% dos eleitores preferido a Rússia à Ucrânia. Exilado na Rússia, Ianukovitch defendeu, recentemente, que todas as regiões ucranianas deveriam convocar consultas populares.

Agitação estende-se a Kharkiv e Lugansk

O referendo de Donetsk, a realizar-se, será antes das eleições presidenciais, marcadas pelo novo Governo ucraniano para 25 de maio. Os candidatos mais bem posicionados nas sondagens são o milionário Petro Poroshenko, a ex-primeira-ministra Iulia Timochenko e o ex-ministro Serguei Tihipko. Todos eles defendem a aproximação à Europa.

Outras cidades do leste do país, como Kharkiv e Lugansk, também foram palco de ocupações de edifícios estatais. O presidente interino da Ucrânia, Oleksandr Turchynov, atribui estas movimentações, e as de Donetsk, aos “serviços secretos” da Rússia, que querem “desestabilizar o país, derrubar o Governo ucraniano, torpedear as eleições e dilacerar o nosso país”. Moscovo responde que Kiev deve “deixar de apontar o dedo à Rússia e de a culpar por todos os problemas atuais da Ucrânia”.

O primeiro-ministro da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, insiste que o presidente russo quer arranjar pretextos para invadir o seu país. “O argumento é escrito pela Federação Russa com o único propósito de desmembrar a Ucrânia”, afirmou.

Vladimir Putin tem sugerido a transformação do país vizinho numa federação e afirma que os cidadãos falantes de russo são perseguidos por ultranacionalistas na Ucrânia. O novo Executivo ucraniano admite dar mais autonomia às regiões, mas rejeita a profunda reforma exigida por Putin.

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