A Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) assegurou esta semana que a nova estrada que atravessará o Centro de Experimentação Agrária de Tavira (CEA) não terá qualquer impacto nas coleções e repositório de espécies autóctones existentes naquele espaço.
Gonçalo Dourado
Em declarações ao JORNAL DO ALGARVE, o diretor regional da Agricultura e Pescas, Pedro Valadas Monteiro garante que, no interior do CEA, apenas serão afetados “cinco barracões pré-fabricados, que já iam ser retirados”, as “estufas que estavam abandonadas” e o sistema de rega já antigo.
Com a construção da nova estrada será encerrada em definitivo a passagem de nível rodoviária adjacente à estação de comboios de Tavira, deixando-a só para peões, “o que garantirá um acréscimo da segurança” para a infraestrutura ferroviária e população, defende por seu turno a Infraestruturas de Portugal (IP), empresa que tem a cargo a obra de eletrificação da Linha do Algarve, entre Faro e Vila Real de Santo António.
O diretor de comunicação e imagem da IP, Pedro Ramos, responsabilizou a Câmara de Tavira pela opção tomada: “Foram desenvolvidas duas soluções de restabelecimento da circulação rodoviária, que foram submetidos à apreciação da Câmara Municipal de Tavira”, que decidiu optar pelo atravessamento do CEA.
Esta decisão foi tomada pela autarquia “por ser a que melhor se adequava ao Planeamento e Gestão Urbanística do município” e “foi submetida a Avaliação de Impacte Ambiental”, que está em curso, segundo o Diretor de Comunicação e Imagem da IP.
A outra alternativa ao atravessamento do terreno do CEA, também apresentada ao município de Tavira, previa um trajeto alternativo, entre o hipermercado e as instalações da CEA, terminando junto da rotunda do Largo da Estação, disse a fonte da IP.
Como medida compensatória, o CEA vai sofrer várias requalificações , o que será “uma oportunidade de devolver o centro a todos”, afirmou entretanto o diretor regional da Agricultura ao JA.
Entre as medidas compensatórias no plano de requalificação do CEA está prevista a construção de um acesso particular para o centro, a plantação de sebes ao longo da estrada, a instalação de vedações e cortinas de árvores, a substituição do sistema de rega integral e a reabilitação de noras tradicionais.
A sede do edifício do CEA também será reabilitada e o diretor regional da Agricultura e Pescas pretende implementar novos projetos, como formações profissionais, a Quinta Ciência Viva (em parceria com a Câmara Municipal de Tavira), o Museu Agrário do Algarve e um Centro de Interpretação da Dieta Mediterrânica.
O JA tentou ouvir a presidente da Câmara Municipal de Tavira sobre o assunto, mas o município não respondeu em tempo útil.
“Enquanto diretor, se não houvesse atravessamento, preferia que a propriedade ficasse igual”, confessou Pedro Valadas Monteiro ao JA, garantindo contudo que a construção da nova estrada não implica “o fim do centro”.
No entanto, o diretor acredita que a polémica obra seja “uma oportunidade de pôr em prática os novos projetos”.