“DSK é um homem horrível, mas é um porco maravilhoso, um poeta da abjeção”

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Uma intelectual francesa escreve livro sobre uma sua ligação sexual muito impudica com o antigo diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn.

Antes de ser posto à venda no próximo dia 27, o livro “Belle et Bête” (“Bela e Monstro”), edições Stock, de Marcela Iacub, jurista, filósofa e cronista no jornal de esquerda “Libération”, é já um acontecimento polémico.

Na capa da edição deste fim de semana da revista “Le Nouvel Observateur”, hoje posta a circular, “Belle et Bête” descreve uma relação de sete meses entre a autora e Dominique Strauss-Kahn (DSK, como é vulgarmente conhecido em França), de fim de janeiro de 2012 a agosto do mesmo ano.

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“É um ser duplo, meio homem, meio porco (…), o que há de criativo, de artístico em Dominique Strauss-Kahn, de belo, pertence ao porco, não ao homem”, explica Marcela Iacub numa entrevista à revista. “O homem é horroroso, o porco é maravilhoso, mesmo se é porco (…) é um artista dos esgotos, um poeta da abjeção e da sujidade”, acrescenta a autora.

“Comunismo sexual”

O livro provoca debate também por ser promovido por aquela revista da esquerda francesa, que é acusada de ter caído no género de jornalismo sensacionalista das revistas de escândalos tipo “Closer”. No entanto, “Le Nouvel Observateur” defende a obra, dizendo que está escrita magnificamente sem jamais cair no exibicionismo. “É a um tempo uma narração íntima e uma experiência intelectual”, lê-se na revista.

Marcela Iacub iniciou a sua relação com DSK depois de ter publicado, em janeiro de 2012, um trabalho com o título “Une société de violeurs?” (“Uma sociedade de violadores?”), onde defendia o ex-dirigente socialista e ex-ministro da Economia e Finanças a propósito dos escândalos sexuais em que ele se envolveu, designadamente em Nova Iorque.

Em “Belle et Bête”, Marcela Iacub elogia o lado “porco” de Strauss.Kahn, o animal que vive a vida sem nenhuma moral, que quer gozar o prazer imediato. “O porco é a mais bela parte do homem, ao mesmo tempo que é um ser repugnante, incapaz de ter quer qualquer forma de moral, de palavra”, explica na entrevista à revista.

Mas a escritora vai mais longe, afirmando: “O ideal do porco é o bacanal: ninguém é excluído da festa, nem os velhos, nem os feios, nem os pequenos (…) este comunismo sexual ao qual ele aspira como porco alegra-me”.

Negativo para DSK

A publicação deste livro surge depois de DSK ver terminados os seus problemas com a justiça em Nova Iorque, depois de ser acusado de violação por uma criada de quarto de um hotel. Neste momento, o ex-diretor do FMI tem ainda em curso um processo judicial em França, por “proxenetismo”, num caso conhecido como “O escândalo do hotel Carlton de Lille”.

Apesar de elogioso para a face “porcalhona” de DSK, “Belle et Bête” acaba por ser muito negativo para o antigo responsável máximo do FMI, que chegou a ser o favorito socialista para as eleições presidenciais francesas de maio do ano passado. Depois de lerem este livro, muitos franceses vão pensar que se ele tivesse chegado ao Eliseu o palácio presidencial teria sido transformado numa autêntica boite especializada em orgias…

Daniel Ribeiro (Rede Expresso)
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