É impensável!

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Colaboradora. Designer.

Devido aos imensos problemas na escola pública, e em conversa com uma colega que tal como eu, também é mãe de crianças/jovens estudantes, chegamos à conclusão que o governo e o ministério da educação fazem mal aos nossos filhos.

E, ao pensarmos um pouco sobre isto, não é difícil chegarmos a essa conclusão: os estudantes portugueses são os que passam mais tempo na escola (principalmente no pré-escolar e no 1.º ciclo do ensino básico); as escolas portuguesas vivem no seu quotidiano o drama da falta de auxiliares (que implica diretamente no normal funcionamento da escola e na segurança e bem estar dos seus alunos); de um modo geral, as refeições escolares são de fraca qualidade; as atividades de enriquecimento curricular mais não são do que um prolongamento da permanência dos alunos em sala de aula; os espaços exteriores não estão apetrechados de equipamento lúdicos adequados e em número suficiente para as crianças brincarem; os professores estão desgastados e envelhecidos; não há entrada de professores novos na carreira docente; as turmas têm demasiados alunos (o que dificulta o processo de ensino e aprendizagem). De facto, são demasiados os problemas que o governo teima em não resolver para pudermos concluir que só podem querer mal aos nossos filhos, aos alunos das escolas públicas em Portugal.

Para além disso, o mesmo governo e a mesma política exercida há vários anos, insiste em desregular os horários dos pais, insiste em mantê-los de forma precária nos seus trabalhos, insiste na continuação de políticas de baixos salários, que afeta, de forma direta e implacável, nas relações estabelecidas entre estes e os seus filhos.

É impensável que uma mãe que necessite ter dois trabalhos para fazer face às despesas possa estar disponível para ir buscar o seu filho à escola às 15 horas.

É impensável que um pai que trabalhe por turnos e de forma continuada em horários de 12 e mais horas possa estar presente para acompanhar o crescimento do seu filho.

É impensável que uma família desempregada possa proporcionar as mesmas oportunidades aos seus filhos.

É impensável que um governo e um ministério da educação não tenham presentes estas questões quando decidem atacar a escola pública, privando-a dos seus meios e recursos.

É impensável que um governo não exerça políticas para a melhoria das condições de vida e de trabalho dos seus cidadãos.

É impensável que um governo e um ministério da educação continuem a atacar os direitos dos nossos filhos através de um severo desinvestimento na escola pública.

É impensável!

Catarina Marques

*Professora e Dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS)

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