“É preciso deitar a crise para trás das costas”

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No discurso na reunião do Fundo Monetário Internacional, a sua diretora-geral disse hoje em Tóquio que há “uma lição clara da história – reduzir a dívida pública é incrivelmente difícil sem crescimento”. A prioridade é restaurar o crescimento.

“Muito claramente, a primeira prioridade é ir para além da crise e restaurar o crescimento – sobretudo acabar com a flagelo do desemprego”, disse hoje Christine Lagarde, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), no seu discurso na reunião anual da organização que decorreu em Tóquio. Lagarde titulou esta parte do seu discurso como a necessidade de “deitar a crise para trás das costas”. “Não nos iludamos, disse a diretora-geral, sem crescimento, o futuro da economia global está em risco”.

Afirmou, depois, que se conhece o “pacote de políticas” que poderão ser úteis nestas circunstâncias:

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– política monetária “acomodativa” (uso da política monetária pelos bancos centrais para contrabalançar o risco de recaída na recessão e o aumento do desemprego);

– o “andamento certo no ajustamento orçamental”, evitando “prejudicar o crescimento”, e baseado em “planos realistas e sólidos para baixar a dívida [pública] no médio prazo”;

– “terminar a limpeza do sector bancário”;

– implementar “reformas estruturais que fomentem a produtividade e o crescimento”;

– complementar com “um reequilíbrio da procura mundial em direção aos dinâmicos mercados emergentes”.

A “elevada herança” em dívida pública é, sem dúvida, “a maior barricada” no caminho, diz a diretora-geral do FMI. A dívida pública nos países desenvolvidos atingiu, em média, 110% do Produto Interno Bruto, o mais alto nível desde a 2ª Guerra Mundial.

Mas “há uma lição clara da história – reduzir a dívida pública é incrivelmente difícil sem crescimento”, disse Lagarde, que, logo acrescentou, “em contrapartida, dívida alta torna mais difícil obter crescimento”.

A diretora-geral acrescentou dois outros pontos-chave: terminar a reforma do sistema financeiro e atacar o problema das desigualdades avançando para um “crescimento inclusivo”.

Sistema financeiro continua inseguro

“Apesar de alguns progressos, o sistema [financeiro] não está muito mais seguro do que no tempo do Lehman [Brothers]”, afirmou Lagarde. “Excessos e escândalos contínuos mostram que a cultura [do sector financeiro] ainda não mudou realmente”, acrescentou.

A diretora-geral do FMI pediu “melhor regulação, melhor supervisão” e elogiou a agenda de Basileia III, lamentando que se esteja a perder algum gás na implementação das reformas acordadas (onde há grande resistência do sector) e referindo que há que avançar mais em “áreas como os derivados, o sistema bancário sombra, e as instituições demasiado importantes para falir”.

Basileia III (do nome da cidade suíça) é um conjunto de propostas de reforma da regulamentação bancária, publicadas em 16 de dezembro de 2010. É parte integrante de um conjunto de iniciativas, promovidas pelo Fórum de Estabilidade Financeira (Financial Stability Board, FSB) e pelo G20.

Jorge Nascimento Rodrigues (Rede Expresso)
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