E se a Grécia entrar em incumprimento?

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A perspetiva de um incumprimento ordenado por parte da Grécia, acompanhado da reestruturação da respetiva dívida, começa a ser assumida como uma hipótese real por vários responsáveis europeus, que parecem apenas esperar que a zona euro conclua rapidamente o reforço da capacidade de ação do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) para começar a preparar aquele cenário.

De acordo com a imprensa helénica de ontem, essa possibilidade foi admitida pelo ministro das Finanças do país, num encontro com membros do parlamento. Evangelos Venizelos terá traçado vários cenários, desde um incumprimento desordenado a um incumprimento ordenado com uma reestruturação de 20% ou 50% da dívida pública. Estas informações foram prontamente desmentidas pelo Governo, que reiterou a intenção de cumprir os compromissos assumidos com os credores internacionais.

Desde o princípio que as palavras têm assumido um peso inusitado no desenvolvimento da crise da dívida soberana que ameaça o euro. Por isso, não passou despercebido que no decorrer de um discurso em Washington, na última quinta-feira, Olli Rehn, o comissário europeu responsável pelos assuntos económicos e monetários, não tenha excluído um incumprimento da Grécia, desde que ordenado, ou seja, negociado com os diferentes credores para evitar um colapso puro e simples.

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Depois de reiterar que a União “não vai abandonar a Grécia”, Rehn voltou a alertar para as consequências globais que teriam “um incumprimento desordenado ou a saída da Grécia da zona euro”. Trata-se de alguém “extremamente cauteloso na forma como se exprime”, sublinha um diplomata europeu ouvido pelo Expresso, que conclui que a formulação do responsável finlandês “abre claramente a porta a um incumprimento ordenado” por parte da Grécia. A questão é como, quando e em que condições isso poderá acontecer.

O comissário europeu não está sozinho e há quem vá ainda mais longe. “Estamos à beira de uma situação de grande incerteza, senão de incumprimento por parte de um Estado da União Europeia e do euro”, afirmou esta semana com todas as letras não um analista, mas o primeiro-ministro português. Pedro Passos Coelho acrescentou ainda que Portugal poderá mesmo precisar de um novo pacote de ajuda se “alguma coisa muito negativa acontecer na Grécia”.

Para já a prioridade para os europeus continua a ser a implementação dos acordos alcançados no passado dia 21 de Julho, nomeadamente a flexibilização do FEEF, cujo papel será crucial num eventual cenário de incumprimento grego. Mas os progressos continuam a ser lentos e acumulam-se os motivos de preocupação desta nova corrida contra o tempo.

JA/Rede Expresso
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