Economia mundial. As cinco ‘dores de cabeça’ de 2016

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1 – China
Um traço fundamental que não nos vai largar em 2016 é o problema do esvaziar da bolha nas bolsas chinesas – apesar das sucessivas intervenções de fundos estatais e das decisões do Banco Popular da China e do regulador do mercado financeiro – e o abrandamento da segunda maior economia do mundo para níveis de crescimento inferiores a 7%.

2 – Petróleo
O preço do petróleo chegou a estar em mínimos de quase 12 anos durante a semana. Os preços fecharam na sexta-feira em 33,34 dólares para a variedade europeia Brent, de referência internacional, e em 32,89 dólares para a variedade norte-americana WTI. O preço do Brent caiu 10,6% desde o início do ano e o preço do WTI baixou 11,2% no mesmo período. O ciclo de queda do preço do petróleo parece não ter ainda terminado.

No conjunto das matérias-primas, a trajetória é, também, de declínio dos preços. O índice da Bloomberg caiu 2,33% desde o início do ano; o índice CRB perdeu 4,36% e o índice S&P GSCI recuou 5,5%. A matéria-prima cujo preço mais caiu desde o início do ano foi a gasolina reformulada; o preço desceu 11,33%.

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3 – Tensão geopolítica
O novo foco de tensão geopolítica, com a crise diplomática grave entre a Arábia Saudita e o Irão, reforça ainda mais a tendência de baixa de preços, pois dificulta qualquer acordo, a curto prazo, para uma redução do teto diário de produção pelo cartel da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em que os dois são membros destacados.

4 – Inflação baixa
O impacto negativo desta componente da energia nos índices de preços das principais economias do mundo continua a preocupar os bancos centrais das economias desenvolvidas. Com a publicação na terça-feira pelo Eurostat da estimativa preliminar para dezembro da inflação na zona euro, a equipa de Mario Draghi, que está à frente do Banco Central Europeu (BCE), ficou com as orelhas a arder. A inflação anual não descolou de 0,2%, uma variação similar à do mês anterior. No caso da Alemanha, a principal economia da zona euro, a inflação anual desceu de 0,3% em novembro para 0,2% em dezembro, o que surpreendeu os analistas que esperavam 0,4% para o último mês do ano.

A próxima reunião do BCE realizar-se-á a 21 de janeiro. No caso da Reserva Federal norte-americana (Fed), a reunião do comité de política monetária está agendada para 27 de janeiro. A probabilidade da equipa de Janet Yellen na Fed optar, nessa próxima reunião, por uma nova subida das taxas de juro é muito baixa, de apenas 11%. Em virtude da divulgação das atas da reunião de dezembro revelar um clima de “inquietação” e de “incerteza” sobre o andamento da inflação e dos mercados de exportação dos EUA, a probabilidade de ocorrer um novo aumento das taxas de juro só é superior a 50% para a reunião da Fed de 27 de abril.

5 – Stresse nos países emergentes
O stresse nas economias emergentes, particularmente nas exportadoras líquidas de matérias-primas, é evidente nos últimos trinta dias, fruto da trajetória dos preços dascommodities e do impacto das decisões da Reserva Federal norte-americana em iniciar o processo de subida das taxas de juro na reunião de 15 e 16 de dezembro passado.

Nesse período mais largo, as maiores desvalorizações face ao dólar e ao euro registaram-se para o rand da África do Sul, o rublo russo, o real brasileiro e o peso mexicano. Em virtude das decisões do Banco Popular da China, o yuan desvalorizou, esta semana, 1,4% face ao dólar. Há quatro divisas de economias desenvolvidas que têm sofrido o impacto da atual crise de preços: o dólar canadiano face ao euro e ao dólar, o dólar australiano face ao euro, o won da Coreia do Sul face ao dólar e a libra esterlina face ao euro e ao dólar.

O dólar valorizou-se, esta semana, 0,27% face ao euro. Fruto da política do dólar forte, o euro desceu de 1,089 dólares no final do ano para 1,086 dólares no final desta semana. Não alcançou, ainda, a paridade (1 euro=1 dólar). Sintoma da procura de valores refúgio, o preço do ouro subiu 4,1%.

Jorge Nascimento Rodrigues (Rede Expresso)

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