EDITORIAL

Legislativas 2015

E agora?

O país foi a votos e, apesar das diferentes leituras que se fazem dos resultados eleitorais, em função dos diferentes interesses e posicionamento ideológico, há algumas conclusões, óbvias, que se podem extrair das legislativas de domingo, apenas com base nos números.

A coligação PSD-CDS foi, em termos nacionais, a força política que obteve mais votos e o novo Parlamento vai apresentar uma nova composição, onde os partidos da oposição, PS, Bloco de Esquerda e CDU, vão estar em maioria. A coligação perdeu mais de 817 mil votos e 30 deputados, em relação às últimas legislativas, o PS ficou à quem das expectativas, apesar de ter tido mais cerca de 183 mil votos e elegido mais 12 deputados, o Bloco de Esquerda foi o partido que mais cresceu, quase duplicando o número de votos e passando de 8 para 19 deputados, a CDU segurou o seu eleitorado e tem agora mais um deputado.

Ao contrário das primeiras projecções, a abstenção, afinal, foi superior à das últimas legislativas.

À hora do fecho desta edição ainda Cavaco Silva não tinha anunciado a sua decisão relativamente ao próximo governo, mas tudo indica que o presidente, ao contrário do que tinha dito, irá dar posse a um governo minoritário da coligação.

Quanto ao Algarve, seguiu a tendência do sul do país, dando a vitória ao PS, que duplicou a sua representação na Assembleia da República, passando de 2 para 4 deputados. O Bloco de Esquerda, apesar de ter tido mais 10500 votos que em 2011, mantém um deputado. Quanto à CDU, perdeu ligeiramente eleitores mas manteve o seu deputado, enquanto o grande derrotado foi a coligação PSD-CDS, que passou de 5 para 3 deputados, perdendo mais de 40 mil votos.

Apesar de ter vencido estas eleições, contra a corrente – a coligação faz-se reeleger depois de 4 anos de uma dura política de austeridade que superou, mesmo, nalguns casos, o programa da troika- não podemos ignorar que a significativa perda de votos da coligação , bem como o reforço do Bloco de Esquerda e o ligeiro aumento da abstenção, são uma clara manifestação popular de descontentamento relativamente à política de austeridade prosseguida pelo governo.

Duas notas finais de reflexão sobre o futuro próximo. Os tempos que se avizinham não vão ser nada fáceis para a coligação nem de estabilidade para o país.

A coligação, em minoria, não vai poder mais governar da forma austera e arrogante como governou e o PS enfrenta um sério desafio em relação ao seu futuro. Ou se encosta à coligação, empurrado pela sua ala direita e viabiliza um novo governo de Passos Coelho e Paulo Portas e deixa passar o orçamento ou encosta-se ao Bloco de Esquerda e à CDU, forçado pela sua ala esquerda – João Soares já deu o mote – inviabilizando-o.

Para além da questão da liderança de António Costa, que já começa a ser questionada, o PS arrisca-se, qualquer que seja o lado para que se incline, a sair bastante ferido deste processo. A dúvida do PS, em termos estratégicos, estará em decidir o que será politicamente mais vantajoso, virar-se para a coligação ou para a sua esquerda. Isto, tendo em conta, os próximos combates que se avizinham, como é o caso das presidenciais e, muito provavelmente, eleições legislativas antecipadas dentro de um ano.

Seja o que for que o futuro nos reserve, a grande conclusão que, mais uma vez, podemos tirar destas eleições é que a nossa democracia está consolidada e funciona, quer estejamos felizes ou descontentes com os resultados.

Fernando Reis

 

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