EDITORIAL

A ameaça terrorista

O sangrento ataque terrorista que matou 129 pessoa e fez 400 feridos, na passada sexta-feira 13, em Paris, obra de radicais islâmicos, pôs a nú, uma vez mais, a natureza criminosa deste bando de psicopatas que, em nome do Islão, trouxe, de novo, a morte e o pânico ao coração de Paris.

Apesar de doutrinados no ódio ao ocidente, os terroristas islâmicos, dirigidos pelo Daesh, auto-denominado Estado Islâmico, cegos pelo fanatismo e pela intolerância religiosa, não poupam nada nem ninguém, quer seja na Síria, na Tunísia, na Turquia, no Iraque, no Líbano, no Egito onde abateram um avião russo com 224 pessoas a bordo, em França ou em qualquer outra parte do mundo, transformando todos e cada um de nós em seus potenciais alvos.

Por isso a nossa solidariedade estende-se, não apenas, às vítimas do atentado da última sexta-feira e às famílias dos que morreram, entre os quais se contabilizam dois portugueses, mas a todos os que, nos quatro cantos do mundo sofrem com a violência destes assassinos. Incluindo os que vivem sob a sua autoridade, no Estado Islâmico e sofrem a mais bárbara repressão, com o ressurgimento do esclavagismo, as execuções em massa e os milhares que fogem desta barbárie, procurando refúgio na Europa.

Vivemos, assim, um problema de grande complexidade, com o qual a Europa e o ocidente não têm sabido lidar. Desde o fenómeno de segregação social dos emigrantes magrebinos em França aos milhares de muçulmanos espalhados pela Europa, que se deixaram dominar pelo radicalismo, aos erros estratégicos dos EUA e seus aliados europeus nas guerras do Iraque, Líbia e Síria, ao entusiasmo como foi celebrada a “Primavera Árabe” e à hipocrisia com que, ao mesmo tempo, que combatem o EI, lhe fornecem armas, tudo tem contribuído para criar e fortalecer o monstro.

Não sendo fácil é um imperativo combater de forma enérgica, planeada e coordenada, não apenas à escala europeia, como também à escala mundial, o fundamentalismo islâmico do Daesh e os seus braços, em África, na Ásia e no Médio Oriente. E não apenas no terreno, como também no mundo virtual, já que a internet e as redes sociais são hoje ferramentas fundamentais da rede terrorista. O EI ensina, a partir de Raqqa, todos os seus membros a usarem mensagens encriptadas no planeamento das suas ações e pensa-se que para a coordenação dos atentados de Paris, os terroristas terão usado a Play Station (PS4).

Se no palco da guerra, se impõe a rápida derrota do EI na Síria e no Iraque, é preciso implementar formas de vigilância junto das comunidades islâmicas no estrangeiro, no sentido de isolar e prender os radicais.

Enquanto países como a Arábia Saudita, o Qatar e a Turquia fizerem jogo duplo, fazendo de conta que combatem o EI, quando ao mesmo tempo financiam a sua luta, a ameaça terrorista não vai abrandar.

Reconhecendo que os fundamentalistas são uma minoria que não representam o Islão, gostaríamos de ouvir, à semelhança do que fez o imã da Mesquita Central de Lisboa, Sheik David Munir, os outros imãs de França, Bélgica, Inglaterra e de outras cidades da Europa e do mundo, condenarem de forma firme e convicta, os atentados perpetrados pelo EI.

Têm que ser os verdadeiros muçulmanos os primeiros a combater o radicalismo islâmico, no seu próprio interesse, evitando o agravamento da xenofobia e contribuindo para a paz, a segurança e a liberdade.

Fernando Reis

 

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