EDITORIAL

Ainda nos querem mais pobres!

 

Depois da enorme austeridade que atirou dezenas milhares de portugueses para a a pobreza e está a matar a classe média, a Comissão Europeia considera que é preciso reduzir ainda mais os salários e avança com a ideia de que 5%, seria o número ideal.

Com o salário mínimo congelado nos 485 euros, o Rendimento Social de Inserção nos 179 euros e a pensão social nos 235 euros, os cortes nos salários dos funcionários públicos e reformados e um aumento brutal de impostos, a Comissão Europeia ainda vem defender, agora, no relatório da décima avaliação ao programa português, que os salários dos portugueses estão sobreavaliados entre 2% e 5% e que, só através de uma redução dos salários é possível ” colocar a taxa desemprego e o endividamento externo a um nível mais sustentável”.

Quando refletimos sobre estas ideias e propostas e ouvimos, repetidamente, o discurso de que há indicadores económicos que mostram que o país está a sair da crise e, simultaneamente somos confrontados com um número cada vez maior de famílias que já não têm dinheiro sequer para comer, com mais gente a viver nas ruas, pessoas que morrem por falta de dinheiro para comprar medicamentos ou pagar as taxas moderadoras hospitalares, ficamos sem saber se temos um ou dois países. Porque o país que nós conhecemos e onde vivemos não é o que nos querem fazer crer que está melhor e tem futuro.

O que a Comissão Europeia, o FMI e a TROIKA têm promovido e protagonizam como solução para a crise e para combater o déficit é cortar no rendimento de quem trabalha, aumentar a carga fiscal , desinvestir na educação, na cultura e na saúde e vender aos privados setores nevrálgicos da nossa economia, que davam lucro ao Estado. Enquanto se enterram milhões no BPN e nas SWAPs e não se toca nas parcerias público/privadas, nem em centenas de institutos, fundações e empresas públicas criadas quase, exclusivamente, para empregar os “boys” dos partidos.

Por mais que a propaganda do governo e das estâncias europeias insista agora na tese da recuperação económica, recusamo-nos a aceitar a mensagem oficial, veiculada repetidamente nos media, de que para conquistarmos o paraíso, o povo tem que passar, necessariamente, por este inferno. E que não há alternativa a este caminho. Na linha, aliás, das melhores teorias da manipulação de massas, em que uma mentira muitas vezes repetida, acaba por se transformar numa verdade.

A crise económica e o déficit não se combatem à custa desta feroz austeridade sobre o povo, mas com políticas que cortem efetivamente as gorduras do Estado – o que ainda não se verificou – criem emprego e aumentem a produtividade.

Basta de hipocrisia! Se o preço que temos que pagar por estarmos na Europa é ficarmos reduzidos à mais profunda miséria. Então, que se lixe a Europa!
Fernando Reis

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