Uma voz que não se cala
Desde que foi fundado em 30 de Março de 1957, apesar de ter passado vários períodos de dificuldade, nunca o Jornal do Algarve sentiu, como agora, as consequências da grave crise económica que afeta o país.
Castigado por uma política de austeridade sem precedentes, que não tem poupado nem as famílias nem as empresas e por uma recessão que, apesar dos sinais positivos de algumas estatísticas, continua a afectar profundamente o consumo, com reflexos muito negativos, por exemplo, na receita publicitária, principal factor de sustentabilidade das empresas jornalísticas, mesmo assim o Jornal do Algarve, tem procurado manter vivo o sonho do seu fundador, José Barão, que queria que ele fosse uma voz e uma referência do Algarve, enquanto Região e um arauto das aspirações dos algarvios.
Só com uma gestão muito rigorosa, o sacrifício de toda a nossa equipa, o apoio e solidariedade dos nossos anunciantes, leitores e uma boa parte dos assinantes, tem sido possível resistir a esta terrível conjuntura. É também o reconhecimento da qualidade informativa e da independência editorial do nosso projeto e da necessidade que o Algarve tem, hoje mais do que nunca, de continuar a ter uma voz que denuncie e clame contra os dramas desta cruel austeridade que empurra cada vez mais gente para a pobreza e miséria extrema, retirando-lhes condições mínimas de existência e até a dignidade.
Cinquenta e sete anos decorridos desde a sua fundação, trinta e um dos quais sobre a nossa gerência, permite-nos afirmar que o Jornal do Algarve já não é apenas um negócio – que nunca foi e cada vez é menos – mas um projeto informativo de interesse público, que tem por vocação servir o Algarve e que, como tal, deve unir à sua volta as forças vivas da Região.
Se olharmos para o panorama atual da imprensa regional algarvia, constatamos que apenas o Jornal do Algarve e outro semanário continuam a sair semanalmente e que outros já fecharam, alteraram a sua periodicidade ou agonizam.
É, também, neste contexto de resistência e luta pela sobrevivência que lamentamos a falta de apoio e solidariedade de certas entidades, que querem ver publicadas as notícias que nos fazem chegar, mas recusam sistematicamente qualquer apoio publicitário e a incompreensão de muitos dos nossos assinantes que, apesar dos prémios que criamos como incentivo e os repetidos apelos, continuam a não pagar a respetiva assinatura, no início de cada ano. Estamos a falar de uma pequena quantia de 40 ¤/ano que individualmente pouco pesa no orçamento familiar, mas que no conjunto de todos os nossos assinantes é uma receita fundamental.
Para se ter uma ideia da falta que esta receita nos faz, neste momento temos cerca de 35 mil euros de assinaturas por cobrar e despesas de impressão e custos de correio que têm que ser pagas, semanalmente, sem falhar.
Esta seria a melhor prenda de aniversário que nos podiam dar!
Fernando Reis