Efeito da F1 no Turismo será enorme a longo prazo

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A prova ganha pelo britânico Louis Hamilton este domingo foi um sucesso. O efeito prolongado e diferido do Grande Prémio realizado no Autódromo Internacional do Algarve é muito superior ao efeito imediato, segundo concordaram várias personalidades ligadas ao Turismo e à região ouvidas esta semana pelo JA

“Há um efeito diferido da promoção que vai muito para lá do impacto per si”, sublinha o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, explicando que “uma modalidade que tem mais de 500 milhões de fãs gera números monstruosos”.


“O Algarve ainda é desconhecido em alguns lugares mas uma prova destas vai gerar o efeito de curiosidade, fazer muita gente procurar no mapa e descobrir o Algarve por esta via. Mas mesmo para os que conhecem o Algarve o facto de se reverem na região tem neste momento ‘um relembrar, um colocar na cabeça o Algarve para férias’”, enfatiza o mesmo responsável.

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Reconhece que, do ponto de vista da presença no território num lugar e num tempo muito limitados, o evento contribuiu “para o consumo que é costume, em alojamento, em transferes, nos rent-a-cars e comércio das zonas circundantes”.


“Mas temos que nos lembrar de uma coisa que tem ainda mais impacto: a Fórmula 1 tem mais de 500 milhões de fãs, 62% dos quais com menos de 35 anos e a média é de 40 anos. Só na TV há transmissões em 200 territórios, Cada GP tem em média 92 milhões de telespectadores ao longo do fim-de-semana”, discorre João Fernandes para justificar a importância da prova no longo prazo.


Principal dirigente política do território que mais beneficiou, economicamente, com a realização da prova, a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, acredita que o evento do passado fim-de-semana “funcionará como alavanca para lançarmos o Algarve noutras áreas do globo onde ainda não conseguimos chegar”.


Não desdenhando que, o que ficou deste Grande Prémio “foi um balão de oxigénio em termos económicos e financeiros para os nossos empresários, que bem merecem nesta fase de pandemia e considerando os prejuízos que tiveram”, a autarca sustenta que, sobretudo, ficou o facto de “conseguirmos colocar Portimão e o Algarve na rota dos grandes eventos e conseguir levar o nome do Algarve aos quatro cantos do mundo. A F1 é, em termos de media, a prova mais vista e para uma região turística como a nossa a promoção é fundamental para atrair novos públicos”.

Hotéis cheios à volta do “epicentro” autódromo


Já quanto ao efeito mais pontual na hotelaria da região durante os dias do evento e os que o precederam, a autarca socialista opina que “tudo correu muito bem. Até porque, se virmos bem, não foram só 27.500 pessoas. São essas mais as famílias, porque há muita gente que aproveita para trazer as famílias, que nem vão ao autódromo. Mais as equipas e o staff, que são 10 mil pessoas. Ao todo são 40 mil pessoas”.


Não dissociando os efeitos imediatos das consequências mais diferidas, o delegado no Algarve da Associação da Hotelaria de Portugal, João Soares, realça que o evento “é extremamente positivo para o Algarve, em termos de notoriedade, mas também porque é uma lufada de ar fresco para os hotéis que estão na zona envolvente. Vai trazer muita gente à região, dar notoriedade. Trouxe clientes e um impacto bom para a região, em termos de visibilidade”.


Sobre os efeitos imediatos, Soares observa que foi sobretudo na zona envolvente do autódromo de Portimão que os efeitos benéficos se fizeram sentir: “Portimão e Lagos tiveram muito boas ocupações. Apesar de ser um período curto, deu uma ajuda para mitigar os resultados negativos deste ano”.


Ainda assim, enfatiza o dirigente hoteleiro, os efeitos positivos do Grande Prémio não chegaram para contrariar com sucesso os efeitos da pandemia: “No ano passado nesta altura, sem Grande Prémio mas também sem pandemia, estaríamos com uma ocupação média de 80%. Este ano as ocupações em outubro foram baixíssimas. 30%, ou 20%”, disse,recordando que a incidência positiva do GP se deu sobretudo em Portimão e Lagos, pois o grosso da região não está todo ocupado”.

João Fernandes, presidente da RTA; Isilda Gomes presidente da CM Portimão e João Soares, conselheiro da Associação da Hotelaria de Portugal

Desafio agora será manter a prova algarvia


Concordante, João Fernandes enfatiza esses efeitos limitados, “muito circunscritos no tempo e no espaço”, mesmo levando em linha de conta a natural tendência para o aumento galopante de preços da hotelaria nesses dias, nas imediações da pista, devido ao excesso de procura. Mas enfatiza outro efeito, este mais benéfico: “Habitualmente uma grande parte da oferta fecha a partir de outubro. Nesta altura haveria mais oferta fechada se a F1 e a Moto GP não acontecessem. Portanto a F1 tem o efeito de prolongar a atividade na hotelaria mas também outras atividades conexas”.


“Não tínhamos uma F1 há 28 anos e uma Moto GP há oito anos. E nunca tivemos nenhuma destas provas no Algarve. E a região sempre suspirou por grandes eventos no Algarve, muito maiores do que o Rali. O impacto económico estimado para a F1 andaria à volta dos 80 milhões. E era com 35 mil espectadores. Mesmo com um pouco menos de espectadores vamos ter um impacto interessante”, destaca o presidente da Região de Turismo do Algarve.


O “dono” da promoção turística algarvia garante que 40% da procura entre os 27.500 ingressos disponíveis nas bilheteiras – número que foi atualizado em baixa devido às limitações impostas pela pandemia – é de estrangeiros. Os restantes 60% de compradores são portugueses, mas desses 90% vêm de fora da região, acentua João Fernandes. “Podem ter casa no Algarve mas não significa que não consumam”.


De resto, Isilda Gomes garante que na hotelaria tudo correu muito bem: “Até porque se virmos bem não foram só 27.500 pessoas. São essas mais as famílias, porque há muita gente que aproveita para trazer as famílias, que nem vão ao autódromo. Mais as equipas e o staff, que são 10 mil pessoas”.


E jura que há condições para que a prova continue no Algarve: “Estamos a trabalhar para isso. O que esperamos é que as pessoas fiquem tão agradadas com a vinda ao Algarve que sejam os próprios pilotos e equipas a pedir para vir para o Algarve”.

João Prudêncio

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