As autoridades egípcias anunciaram a suspensão, por tempo indeterminado, dos jogos da primeira liga de futebol, em sequência dos confrontos entre a polícia e os adeptos do Zamalek que causaram pelo menos 25 mortos e 20 feridos, domingo, no Estádio Defesa Aérea, no Cairo.
O derby entre os rivais da capital egípcia, Zamalek e ENPPI, era o primeiro jogo do campeonato egípcio que decorria com a presença de público no estádio, após um incidente semelhante ter causado a morte de 74 adeptos em 2012.
O ministro do Interior decidira limitar a 10 mil pessoas a entrada no estádio, que tem capacidade para 30 mil. Os confrontos começaram à porta do estádio, situado no nordeste da capital egípcia, depois de adeptos sem bilhete terem forçado a entrada, segundo indicou o ministro da Saúde.
Gás lacrimogéneo e “very lights”
As forças de segurança usaram gás lacrimogéneo e lançaram “very lights” para dispersar a multidão.
Uma barreira colapsou quando as pessoas tentaram fugir repentinamente, segundo relatou uma testemunha à BBC. Outra indicou à estação britânica que as pessoas começaram a atropelar-se e a passar umas por cima das outras em pânico.
Um adepto que tentou ir ao jogo, que falou à agência Associated Press sob anonimato, acusou as autoridades de serem responsáveis pelo sucedido. “Aqueles que caíram já não conseguiram levantar-se”, afirmou.
A polícia referiu que os adeptos, que tentaram forçar a entrada, faziam parte da claque do Zamalek, Cavaleiros Brancos. Foram emitidos mandados para a detenção dos seus líderes.
Clube treinado por portugueses
O Zamalek era treinado por Jaime Pacheco, mas outro treinador português, Jesualdo Ferreira, assinou esta semana contrato para o substituir.
O Egito tem um longo historial de confrontos entre a polícia e adeptos de futebol, muitos dos quais estiveram envolvidos nos protestos políticos de 2011 que levaram à queda do regime de Hosni Mubarak.
Em fevereiro de 2012, confrontos que causaram 74 mortos e centenas de feridos começaram quando adeptos do Al Masry (da cidade de Port Said), que jogava em casa, atacaram os adeptos do clube adversário, o Al-Ahly, do Cairo, à época treinado por Manuel José.
Muitos egípcios acusaram a polícia de ter aproveitado a oportunidade para se vingar investindo contra aqueles que tinham-se manifestado contra Mubarak. Mas a polícia desmentiu essa versão dos acontecimentos.
Na altura o campeonato também foi suspenso e a tragédia no estádio deu lugar a vários confrontos nos dias seguintes, algo que se receia que possa agora voltar a suceder.
RE