Em que condições físicas e psíquicas vão os cidadãos portugueses trabalhar até aos 69 anos?

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Colaboradora. Designer.
Ana Simoes

Há estudos para todos os gostos. Todos sabemos. Quando surgem, não surgem por acaso…
Recentemente foi apresentado um estudo sobre a “sustentabilidade do sistema de pensões português”, amplamente divulgado pela comunicação social, da Fundação Francisco Manuel dos Santos que conclui que “aumentar a idade da reforma parece ser a forma mais eficaz de minorar a necessidade de financiar o sistema…” afirmando que a “idade da reforma tem de aumentar para os 69 anos de idade…”.
Em 2019, os trabalhadores aposentam-se com 66 anos e 5 meses e 40 anos de descontos. Em jeito de promessa eleitoral diz o atual governo do PS que em 2020 se vai manter esta exigência.
Diz também o atual governo que “aumentar a idade da reforma para os 69 anos não é exequível nem eficaz” mas também diz que o “estudo apresentado não é suficiente para chegar a esta conclusão”.
O que sabemos é que este mesmo governo do PS apesar de não considerar este tipo de medida eficaz e exequível tem aumentado todos os anos a idade da reforma. Só falta saber quantos estudos mais serão necessários para que os Governantes procedam a um novo aumento.
A perspetiva do lucro máximo, o mais depressa possível, subverte completamente o sentido da introdução da tecnologia na produção. Em vez da tecnologia contribuir para melhorar os serviços à sociedade, diminuir o tempo de trabalho, aumentar o tempo de lazer e da disponibilidade física e psicológica dos pais para os seus filhos, serve para reduzir trabalhadores, diminuir a autonomia e o poder de compra das famílias e aumentar a riqueza de poucos, que muitas vezes nem sequer é tributada. A continuar pelo mesmo caminho, a receita da segurança social será cada vez menor.
A ausência de políticas de natalidade e de empobrecimento da população, com os aumentos dos tempos de trabalho, também não ajudam a resolver este problema. Os portugueses são, neste momento, um povo cansado, desmotivado e sem recursos financeiros, psicológicos ou físicos para encararem a parentalidade de forma natural e despreocupada.

O paradigma tem de mudar
Valorizar o trabalho através de aumentos salariais (a começar logo pelo Salário Mínimo Nacional), fazer políticas de pleno emprego, dar mais tempo às pessoas para viver, bem como acabar com a precariedade criando postos de trabalho permanentes, podem ser soluções viáveis para a resolução deste problema. Aumentar indefinidamente a idade da reforma, claramente não é solução.
Se todos ganharmos justamente também faremos mais descontos para o sistema de pensões e aí a sustentabilidade deste sistema estará garantida.
Não serão estas opções mais corretas e mais justas?

Ana Simões

Coordenadora Distrital de Faro do SPZS e Coordenadora Nacional da Educação Especial da FENPROF

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