E porquê? É a pergunta de quem não anda distraído ou de olhos fechados. A resposta mais fácil e também a mais usada, é culpar ou acusar alguém de perto, alguns em particular, ou uns certos de lá longe. Todos sentimos e ouvimos que a prática da acusação se tornou no desporto nacional mais praticado. Tanto faz que esse jogo seja jogado com as mãos da mentira ou com os pés da ignorância que as regras para enganar dão sempre certo nos resultados.
Falta de políticos, não é. Há políticos até se dizer basta. Falta de gente entendida e alguma até competente, também não é. Se há competência e até robusto entendimento para o enriquecimento e para a afirmação pessoal, também não haverá aparentemente razão para o bem-estar não ser geral e para a sociedade, a começar pela sociedade local, não ser robusta no entendimento. E, descansem alguns ideólogos que tardiamente caíram da árvore como as toiroas caiem da alfarrobeira, falta de figuras carismáticas igualmente não há. Basta haver uma pequena reunião em Faro, em Portimão ou mesmo em Tavira e por aí fora, para se sentir que em cada indivíduo participantes há duas figuras carismáticas, fora os primos. Carismas, no Algarve, são mais que os grãos de areia.
Então o que é? Chegou-se onde se chegou porque uma pandemia real, horrenda, e ameaçar de morte cada um sem exceção não apenas à noite e sem se sentir, mas por todos os dias e às claras, se juntou a outra pandemia que foi matando ao longo do tempo, disfarçadamente, a conta gotas, provocando contágio incontrolável. Chegou-se onde se chegou, por uma epidemia que se chama Lassidão.
Lassidão na Política, lassidão na Cultura, lassidão no Ensino. Lassidão na identidade da terra e no uso do território, lassidão na definição de valores que foram coisas atiradas para o ar como coisas abstratas, quando não há valores que não sejam concretos. Lassidão nos meios de instrução pública, no provimento de cargos, no escrutínio de procedimentos. E já agora, como região por que alguns sonharam e sonham, lassidão em nos comerem as papinhas na cabeça.
Pensavam muitos que a Democracia, a Liberdade de escolha e de opinião, acabaria com a lassidão que caracterizou o País de outrora. Não foi isso que aconteceu. A lassidão está a miná-la. Ninguém esperava, a não ser os que isso sempre desejaram.
Flagrante feira medieval: Reinos de taifas.
Carlos Albino