Combustíveis low cost terão preços superiores aos dos hipermercados

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Na sexta-feira os consumidores vão ter novos preços nas bombas de gasolina, mas as descidas não serão significativas

Todos os 2558 postos de abastecimento de combustíveis existentes em Portugal vão dispor de gasolina e gasóleo a baixo custo – sem aditivos – a partir da próxima sexta-feira. No entanto, a imposição legal de todas as “bombas de gasolina” venderem os designados combustíveis “low cost” não significa que os consumidores vão conseguir abastecer as suas viaturas aos preços que pagam nos postos dos hipermercados.
Teoricamente, os combustíveis vendidos pelas marcas brancas – como os dos postos existentes nos hipermercados – continuarão a ter preços mais baixos. Além disso, nem todos os combustíveis básicos – não aditivados – serão mais baratos do que alguns produtos aditivados.

Luís Martins, gestor responsável pelo fornecimento de uma rede de 210 postos de abastecimento – entre os quais se inclui a rede de 160 postos da Prio, que gere diretamente – explica que os seus postos “já estavam preparados para a alteração de mercado que será efetuada a partir da próxima sexta feira, pois a Prio vende gasolina e gasóleo sem aditivos e também vende produtos aditivados, como o Top Diesel e o Top Gasolina, que têm preços promocionais mais baixos que os combustíveis sem aditivos”.

“Durante o período em que manteremos a atual promoção, o preço dos nossos combustíveis Top, que são aditivados e têm características que visam a maior eficiência de consumo e um melhor desempenho dos motores, será mais baixo que o preço da gasolina e do gasóleo de base, sem aditivos”, explica Luís Martins. Também os postos da Rede Energia, gerida pelos irmãos Nuno e Fernando Castela, competem com preços baixos do mercado e esta rede sempre referiu que tem comercializado combustíveis “100% aditivados”.

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João Reis, responsável da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), refere que o conceito de combustíveis “low cost” está “mais relacionado com o modelo de negócio dos postos de abastecimento, com estruturas de pessoal muito reduzidas, implantadas em espaços que não têm rendas caras, do que com o tipo de produtos não aditivados que possam vender”.

“Teoricamente, era impossível praticar os preços dos combustíveis fixados pelos hipermercados se tivessem uma rede de postos concessionados em autoestradas ou em zonas urbanas centrais e de prestígio, porque os encargos e os custos das rendas não viabilizariam preços da gasolina e do gasóleo tão baixos”, explica João Reis.

Além disso, o responsável da APETRO considera que “o negócio de venda de combustíveis em hipermercados está mais dirigido à captação de clientes que vão fazer compras às grandes superfícies, do que ao encaixe de margens na venda de combustíveis”.

Petrolíferas seguem estratégias diferentes

Na estratégia para a introdução de combustíveis não aditivados nos postos das principais redes das petrolíferas que operam em Portugal foram seguidas opções muito diferentes.

Enquanto a Galp deverá retirar a sua gama premium – deixou fora de serviço os combustíveis G Force -, para reaproveitar essa tancagem com os combustíveis não aditivados, aposta claramente nos combustíveis de gama “normal”, com preços mais baixos. Assim, passará a ter na generalidade dos seus 715 postos de abastecimento que funcionam em Portugal uma oferta composta por gasolinas e gasóleos “normais” aditivados e por combustíveis sem aditivos, deixando de ter a atual oferta de topo de gama, com preços mais caros, do segmento G Force.

As restantes petrolíferas de grande dimensão seguiram o caminho inverso. Mantêm a oferta de combustíveis de topo, que dizem ter alta qualidade, retirando parte significativa da oferta de combustíveis de segmento intermédio – as gasolinas e gasóleos “normais” com poucos aditivos -, que são substituídas por uma oferta massificada de combustíveis de base, sem os aditivos tradicionais.

Diferenças de preços são mínimas

Mesmo assim, não se prevê que haja uma diferença significativa de preços. Atendendo ao exemplo da Cepsa, o preço previsível para a gasolina 95 sem aditivos será de 1,539 euros por litro na sexta-feira, enquanto a sua gasolina premium – a Optima – custará 1,569 por litros, ou seja, com uma diferença de apenas mais três cêntimos para a gasolina sem aditivos. No gasóleo a Cepsa segue a mesma estratégia, com o litro do combustível sem aditivos a ser vendido a 1,289 euros, enquanto o gasóleo Optima será proposto a 1,319 euros.

A BP ainda não tomou posição pública sobre este assunto, mas o Expresso sabe que estaria a equacionar a possíbilidade de manter um nível de aditivação básico nos combustíveis mais simples, introduzindo-lhes os compostos do produto “Invigorate”. Além dos combustíveis mais simples, a BP deverá comercializar os produtos de topo de gama, os BP Ultimate.

Nos 400 postos da Repsol no território continental também será mantido o segmento premium. Todas as redes das petrolíferas vão continuar a praticar os descontos para os cartões de clientes, com pontos e descontos também aplicáveis aos preços dos combustíveis não aditivados.

Combustíveis simples também terão descontos

Os descontos das petrolíferas vão dos cinco aos oito cêntimos por litro nos descontos imediatos, e chegam os 12 cêntimos por litro quando acumulam campanhas semanais, ou mesmo, nos casos extremos do cartão Poupa Mais, da BP, há descontos que chegaram a ultrapassar 18 cêntimos por litro em campanhas pontuais.

Os postos de abastecimento que mais deverão beneficiar com a introdução dos combustíveis não aditivados são os que estão localizados em toda a zona raiana, a cerca de 20 quilómetros da fronteira, onde o preço dos combustíveis não aditivados fará diminuir a diferença de preços para os combustíveis vendidos nos postos de abastecimento de Espanha. Isso contribuirá para travar a propensão de atestar depósitos nos postos espanhóis, segundo admitem fontes da generalidade das petrolíferas que operam em Portugal.

Atualmente, dentro de Lisboa e Porto é possível encontrar, entre as localizações mais baratas e mais caras, diferenças de preços de até 13 cêntimos por litro de gasolina e de 12 cêntimos por litro de gasóleo, como mostra a informação publicada pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). Mas essa mesma informação também indica que é fora destas cidades que estão os preços mais baratos a nível nacional.

Esta terça-feira, segundo os dados da DGEG, o posto de Lisboa com a gasolina 95 mais barata era o da Cepsa em Chelas, cobrando 1,439 euros por litro, sendo também essa a localização do gasóleo mais barato da capital, ao preço de 1,189 euros por litro. Já a gasolina 95 mais cara está a ser comercializada em Lisboa a 1,549 euros por litro (preço verificado num posto Galp em Campo de Ourique e em vários postos da BP, na Avenida de Brasília, em Moscavide e junto ao aeroporto). O gasóleo mais caro em Lisboa é vendido a 1,309 euros por litro, num posto da marca Galp na Avenida João XXI.

Na cidade do Porto, indicam as estatísticas da DGEG, a gasolina 95 mais barata à data de hoje é vendida a 1,419 euros pela Cepsa em São Dinis, enquanto o gasóleo mais económico pode ser encontrado nos postos do Jumbo em Gondomar, de um operador independente na Rua de São Dinis e na Rede Energia da Rua Serpa Pinto, todos abaixo de 1,17 euros por litro. A gasolina mais cara na “Invicta” custa 1,549 euros por litro na BP em São João de Brito, que tem também o gasóleo mais dispendioso da cidade, a 1,294 euros por litro, segundo a DGEG.

Ecomarché com preço mais baixo

A nível nacional, a gasolina 95 mais barata pode ser encontrada no Ecomarché de Vilar Formoso, ao preço de 1,359 euros por litro, enquanto o gasóleo mais económico é vendido no posto Gasolar, em Monção, a 1,12 euros por litro.

Em termos globais, o preço médio da gasolina 95 em Portugal Continental situa-se hoje em 1,479 euros por litro, enquanto o valor da gasolina 98 está nos 1,535 euros por litro. Já o gasóleo apresenta um preço médio nacional de 1,218 euros por litros, de acordo com a DGEG, que publica dados relativos a um total de 2.602 postos de combustíveis.

RE

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