É com bastante indignação que verifico a azafama com que alguns Autarcas, especialmente os algarvios, (até parece que estão em sintonia!), apelam, incentivam até com vales desconto, durante as quadras natalícias, para os munícipes fazerem compras no comércio tradicional/local, assim como, imensas palavras pomposas, imensamente gastas, uma das quais, solidariedade! Afinal o que é ser solidário?
Será que os comerciantes do comércio tradicional, só necessitam de efectuar vendas no mês de Dezembro? Se é verdade que se preocupam com os comerciantes, isto é, com os consumidores em geral, porque autorizavam a abertura de tantas grandes superfícies?
No Algarve, na minha opinião, ultrapassa o razoável! Senhores Autarcas: não foram também, os comerciantes que os elegem, para zelar/defender o bem colectivo/comum dos vossos munícipes? Normalmente andam muito distraídos dos benefícios em preservar o comércio tradicional! Modestamente, vou relembrar umas quantas vantagens: As Cidades, Vilas, com a multiplicidade de produtos/artigos, as ruas têm outro encanto, existe mais vida/alegria e não ficam desertas, por vezes entregues à marginalidade! As pessoas têm um relacionamento em que os afectos são mais genuínos, isto é, cidadãos mais Humanizados… Os pais ficam mais libertos para levar os seus filhos, por exemplo, para Bibliotecas, (tão pouco frequentadas) para Jardins e Parques, onde as crianças/jovens possam brincar e praticar exercício físico ao ar livre, para uma qualidade de vida mais sustentável e num desenvolvimento equilibrado/harmonioso. As pessoas gastam menos dinheiro, pois, só compram o que realmente necessitam, e o apelo ao consumismo é quase nulo! Referente aos produtos alimentares, (“A alimentação humana tem estado, e está, nas mãos dos predadores da coesão social da Humanidade“), quando compramos produtos de proximidade, normalmente são de melhor qualidade, ajudamos aqueles que trabalham a Terra-Mãe, com mais respeito para com a Natureza, o que significa uma melhor qualidade de vida em muitos aspectos, etc. e tal. (A carta da Terra possui 16 princípios básicos: Quem se interessa por eles?). Quem vos paga os impostos, especialmente o IMI?
Quem vos paga os ordenados? Onde usufruem de algumas regalias, eu diria mais, de certas mordomias? Onde pagam as grandes superfícies, os impostos?
É hábitos os senhores Presidentes de Câmara, utilizarem o chavão – criação de postos de trabalho: não aqueles que são apregoados, mas, na verdade existe empregabilidade, no entanto, esquecem-se que, já o sr. Deputado Mendes Bota, na Assembleia da Republica, alertava para as consequências e a Universidade Católica, fez um estudo onde concluiu: Por cada posto de trabalho criado nas grandes superfícies, são quatro a menos no comércio tradicional! Conclusão: é sempre o elo mais fraco a pagar a factura…
Modesto Vitória