Tratamento para Alzheimer mais próximo de ser uma realidade

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O Alzheimer, a forma mais comum de demência, provoca a degeneração progressiva, irreversível e global de várias funções cognitivas como a memória, concentração, linguagem e pensamento, afetando a realização das atividades do quotidiano

É o pontapé de saída para a investigação do tratamento do Alzheimer. Um grupo de cientistas da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, Estados Unidos, descobriu uma potencial causa da doença, que pode vir a ser tratada com medicação. O estudo foi publicado, na última semana, no “Journal of Neuroscience”.

Os especialistas garantem que esta descoberta pode abrir novas portas para melhorar a pesquisa para o tratamento da demência. Percebendo a causa, encontrar a cura torna-se mais acessível.

O estudo concluiu que no Alzheimer as células imunitárias, em vez de protegerem o cérebro (que á a sua função normal) estão a consumir um nutriente vital chamado arginina. Ao bloquearem este processo com medicação, os cientistas conseguiram prevenir a formação de plaquetas no cérebro, uma das características da doença, e ainda foram capazes de interromper a perda de memória.

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“Vemos este estudo como a abertura de uma porta para pensar no Alzheimer de uma forma completamente diferente, para quebrar o impasse nas ideias sobre a doença. Nos últimos 15, 20 anos o que tem estado em cima da mesa é o amiloide, temos de olhar para as coisas porque ainda não conseguimos entender o mecanismo da doença nem desenvolver terapias eficazes”, disse Carol Coltan, professora universitária e autora do novo estudo, citada pelo jornal “The Independent”.

O medicamento utilizado para bloquear a repostas das células imunitárias à arginina, a eflornitina (DMFO), já é atualmente investigado para o tratamento de certos tipos de cancro. Assim ,é mais simples e adequado testar como potencial tratamento do Alzheimer.

Descoberta encorajadora

A arginina é um aminoácido e um nutriente essencial para vários processos no corpo humano, onde se incluí a divisão de células, processo de cura e reposta imunitária. Está presente em alimentos que ingerimos diariamente, como por exemplo carne, nozes e grão. No entanto, a equipa de cientistas deixa bem claro que não é com o aumento da dose diária destes alimentos, ou seja consumindo mais arginina, que há redução do risco de Alzheimer.

As experiências foram realizadas em ratos e, apesar do potencial da descoberta, há que ter em atenção que as técnicas estudas em animais não funcionam, garantidamente, no Homem. É por isto que alguns especialistas se mostram ainda apreensivos. “Os testes clínicos são essenciais antes de qualquer potencial novo tratamento ser dado às pessoas, mas estas recentes descobertas pode abrir novas portas para futuros tratamentos”, explica Laura Phipps, do Centro Britânico de Investigação de Alzheimer, citada pelo jornal “The Independente”.

A nova esperança é bem-vinda, pois nos últimos tempos o financiamento e a vontade da indústria farmacêutica têm diminuído, apesar do aumento do custo humano e económico da doença e de outros tipos de demência.

Esta é uma descoberta particularmente encorajadora, porque até agora o papel do sistema imunitário e da arginina no Alzheimer era completamente desconhecido.

O estudo foi publicado no “Journal of Neuroscience” e a investigação foi liderada por Matthew Kan, estudante do doutoramento em Medicina no laboratório de Carol Colton.

Números citados pelo jornal “The Independent” avançam que em 2050 existirão 135 milhões de pessoas a viver diariamente com alguma forma de demência.

Perda de memória e não só

Em Portugal, segundo dados da Associação Alzheimer Portugal, existem cerca de 90 mil pessoas diagnosticadas com a doença.

O Alzheimer é a forma mais comum de demência, cerca de 50% a 70% dos casos. Provoca a degeneração progressiva, irreversível e global de várias funções cognitivas como a memória, concentração, linguagem e pensamento, afetando a realização das atividades do quotidiano.

O que acontece é que as células cerebrais sofrem uma redução, em tamanho e número, formando uma espécie de placa no espaço exterior entre elas. Este fenómeno impossibilita a comunicação dentro do cérebro e estraga as ligações existentes entre as células cerebrais. Estas acabam por morrer e isto traduz-se numa incapacidade de lembrar de algo.

Quando se perde uma capacidade, muito raramente é possível recuperá-la ou reaprendê-la.

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