Vezes quantas, no percurso de um qualquer praticante, no desporto como na vida, deparam-se situações que, com maior ou menor gravidade ou mesmo, de certo modo, insólitas e não menos inquietantes que nos ‘amarram’ ao compromisso de tomarmos verdadeira consciência de como, afinal, foi e de como poderia ter sido. E não só a ver com a aleatória força das circunstâncias.
Foi o caso de Gerard Piqué, quando o internacional espanhol, de 35 anos, hoje ao serviço do Barcelona, quando representava o Manchester United, que ocorreu entre 2004 e 2008, e protagonizou uma situação que envolveu copos (a mais), polícia e moedas…
Ele próprio nos descreve: “Passei um sinal vermelho e fui parado pela polícia. Fiz o teste do balão, deu positivo e vi-me algemado na carrinha da polícia rumo à esquadra. Fiquei em pânico, porque já sabia que ia para o Barcelona e, assim, a minha carreira iria pelo cano abaixo”.
Na mente do central espanhol, perante o pânico manifestado, iria ‘desabar o Mundo’, perante o sucedido? Talvez que não, que não mesmo, bastará tomarmos (boa) nota: “Quando chegámos à esquadra para mais testes, deram-me um saco para deixar as coisas pessoais e aproveitei uma desatenção de um dos agentes para ficar com moedas comigo. Tinha visto em algum lado que se chupassem moedas, não daríamos positivo no teste do balão. E a verdade é que funcionou. Seja pelas moedas ou pelo álcool já a sair do corpo, o teste deu negativo e fui libertado”. E, um pouco surpresos, talvez que possamos concluir que: “E, esta, hein?!”.
Mas, o que é mais importante de concluir é que, para celebrar tamanho(!) feito: “Fui para o casino de táxi…”, que bem terá valido a pena, considerando a provável hipótese de poder ter a sua carreira arruinada.
No desporto como na vida, a atividade dos praticantes, tem muito de espiritual, de anímico e de fazer despertar as qualidades volitivas que, em síntese, não poucas vezes, tem o propósito de se tomar verdadeira consciência do caminho percorrido.
Que Piqué, com efetiva memória, continue a afirmar-se, na junção do corpo com a mente!
Uma vez mais, as tais ‘coisas’ da ‘coisa futebolística’.
Humberto Gomes
*“Embaixador para a Ética no Desporto”