Entrevista: “A Casa” do clandestino Carlos Luís Figueira

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Como é que surgiu a ideia de escrever este romance?
Quando se deforma a memória, quando se adulteram os factos e, sobretudo, não se dá conhecimento deles, estamos a formar gerações sem ideias. Este livro pretende servir de testemunho, para que ninguém diga que não havia pessoas que se sacrificaram para que o regime demorasse menos tempo. É para que ninguém se refugie no desconhecimento. Está aqui um testemunho de quem o viveu.

É, então, uma obra autobiográfica?
Sim. É um livro que parte de acontecimentos vividos e de memórias, para ficcionar as memórias. Procuro focar uma questão, acerca do período da ditadura, que ainda não foi abordada com alguma consistência e desenvolvimento na literatura que se produziu depois do 25 de Abril, ou seja, o que era um quadro clandestino e a sua vida em Portugal. A sua vida sob uma identidade falsa, a relação com a família e com os filhos, neste caso com uma das filhas, porque a outra ficou na casa dos meus pais, e foi aí educada, durante o percurso que estivemos na clandestinidade.

Qual é o percurso temporal do romance?
O texto tem importância, precisamente, pelo contexto histórico em que se situa, nos finais da década de sessenta e até um ano antes do 25 de Abril de 1974, em momentos muito difíceis para a própria oposição ao regime. Havia uma grande descrença… Entrei clandestinamente no país em 1968 e o percurso temporal decorre entre 1969 e 1973.

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Foi expulso do PCP em 2002. Pensa que os seus ex-camaradas poderão fazer outra interpretação deste romance?
Este romance não é nenhum ajuste de contas com o PCP, nem com a dissidência de opinião que conduziu à minha expulsão. Tomei as decisões que tinha que tomar, no momento certo, e que correspondiam à minha vontade. Passar seis anos e meio na clandestinidade foi um ato da minha expressa vontade e não tenho nada de arrependimento. Este livro é o testemunho de uma época e de exaltação de uma luta…

…(Entrevista completa na edição impressa e semanal do Jornal do Algarve que está nas bancas desde quinta-feira)

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