Escassez de crédito e guerra pelos depósitos preocupam Sócrates e banqueiros

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A reunião entre José Sócrates e os principais banqueiros portugueses, que segunda feira decorreu em S. Bento, incidiu nas medidas em preparação na União Europeia que mexem nos rácios dos bancos e lhes exigem capitais que, dessa forma, ficarão indisponíveis para financiar a economia.

Carlos Santos Ferreira (BCP), Ricardo Salgado (BES), Faria de Oliveira (CGD), Fernando Ulrich (BPI) e Nuno Amado (Santander), segundo várias fontes presentes na reunião, transmitirama sua preocupação a José Sócrates em relação às novas exigências de capital que as regras de Basileia III deverão trazer a todos os bancos europeus, sensibilizando-o para os apoiar junto das instâncias comunitárias para uma alteração ou adiamento perante as dificuldades sentidas pela economia europeia.
É que as novas regras obrigam os bancos a terem rácios mais elevados, o que obrigará as instituições financeiras europeias, e consequentemente, portuguesas, a aumentarem os capitais, ou seja, a exigir aos acionistas que coloquem mais dinheiro nos bancos ou decidirem-se por fusões.
Depois de numa primeira fase a economia ter absorvido os problemas gerados pelo mundo financeiro, os principais impactos da crise iniciada em 2008 estão agora de regresso à finança através do crédito mal parado. Segundo fontes presentes na reunião, o que se receia neste momento é que, pressionados pela obrigação de melhorar os seus rácios, os bancos sejam forçados a fechar a torneira aos particulares e, sobretudo, às empresas, e a entrar numa guerra pela captação de depósitos.
Na conversa entre os presidentes do BCP, BES, CGD, BPI e Santander e o primeiro ministro foi consensual que o caminho passa por aprofundar a articulação entre os bancos, o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal. “Tratou-se de uma reunião de avaliação em que se discutiram os problemas identificados, mas não se começou ontem a tratar deles: é o que se está a fazer desde que eles surgiram”, disse à Lusa um dos participantes na reunião.
Num encontro em que esteve também presente o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, estiveram em causa as dificuldades e os custos que os bancos portugueses têm encontrado nos mercados internacionais para se financiarem, traduzidos depois na recente diminuição da sua capacidade para emprestar dinheiro a empresas e a particulares. Essa questão, deixada muito clara na entrevista do presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira, ao Expresso de sábado passado, dominou a reunião. A principal preocupação foi, uma vez mais, “não entrar em pânico”.
A banca sabe que, no tecido económico português, as pequenas e médias empresas dependem vitalmente do crédito para sustentarem a sua actividade e, quando este escasseia, os negócios param, a economia recua e o desemprego aumenta. Segundo o jornal i de segunda-feira, os principais bancos portugueses já endereçaram uma carta à Comissão Europeia contestando as medidas que se preparam e avisando que, se estas avançarem, o futuro da economia portuguesa será negro.
AJG.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

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JA/Lusa

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