O juiz espanhol Pablo Ruz ordenou a ida a julgamento de 41 personalidades envolvidas na rede de corrupção Gürtel, que afetou o Partido Popular (direita, no poder). A decisão surge depois de o tribunal da Audiência Nacional ter recusado, esta quinta-feira, os últimos recursos dos advogados de defesa.
Entre os pronunciados estão Francisco Correa (o alegado cabecilha da trama), Luis Bárcenas (ex-tesoureiro do PP) e Ana Mato, que foi ministra da Saúde de Mariano Rajoy até novembro passado.
A Procuradoria Anticorrupção começou a investigar a rede Gürtel (tradução alemã de correia, devido ao apelido Correa) em 2007. Em 2009 começou a instrução no tribunal da Audiência Nacional. Encabeçada por Correa, a rede de corrupção política centrava-se nas regiões de Madrid e Valência e envolvia corrupção através de contratos e adjudicações falsas a empresas controladas pelos seus membros. O grosso dos factos terá ocorrido entre 1999 e 2005.
Para Ruz, há “indícios nítidos” de crime, que justificam sentar os suspeitos no banco dos réus. Segundo o jornal “El País”, o magistrado considera o PP cúmplice da rede e exige ao partido governante uma caução de 245 mil euros. À ex-ministra Mato, Ruz decretou uma fiança de 28 mil euros.
O juiz estipulou o pagamento de fianças aos arguidos que estão em liberdade, no valor total de 449 milhões de euros. A mais alta é a de Bárcenas: 88 milhões (além de 22 milhões para a sua mulher). Este ex-tesoureiro geria uma contabilidade paralela do partido, em que donativos ilegais serviam alegadamente para pagar complementos de salários a dirigentes do partido, entregues em envelopes e nunca declarados ao fisco.
O caso chegou a estar nas mãos do célebre juiz Baltasar Garzón, mais tarde afastado por acusações de prevaricação.
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