Especulação desenfreada alastra no Algarve

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Todos os municípios algarvios, com exceção de Monchique e Alcoutim, registaram preços acima dos 896 euros/m2 (média nacional). Loulé (1.650 euros/m2), Lagos (1.555 euros/m2), Albufeira (1.474 euros/m2), Lagoa (1.389 euros/m2) e Tavira (1.362 euros/m2) estão entre os mais caros

O preço das casas está a atingir valores “proibitivos” para a maior parte das famílias algarvias. Segundo as primeiras estatísticas do INE sobre preços de habitação, na região do Algarve, todos os municípios, com exceção de Alcoutim e Monchique, registam valores muito acima da média nacional. As imobiliárias ouvidas esta semana pelo JA confirmam que o mercado está a ser alimentado pelo “alto investimento estrangeiro” e pela “falta de oferta”. O resultado é uma especulação desenfreada – e nunca vista antes – na região

Segundo as agências imobiliárias ouvidas esta semana pelo JA, o boom do setor imobiliário no Algarve está a ser alimentado pela “falta de oferta e pelo alto investimento estrangeiro”, que tem feito disparar os preços das casas nos últimos três anos.

Além disso, o Algarve ainda tem muitas “zonas apetecíveis”, que “atraem muitos investidores estrangeiros” e, como tal, “os preços refletem a procura”. Os mediadores acentuam ainda que o número de estrangeiros que procuram segundas habitações na região continua a crescer, o que leva à subida dos preços. E este número terá tendência para aumentar no próximo ano, já que o Algarve continua a ser apontado como um destino turístico de eleição a nível mundial.

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Dília Gamboa, gerente da Avenida Propriedades, em Lagos, não se mostra surpreendida por estes resultados do INE, que mostram um aumento generalizado dos preços das casas na região. Comenta que, nomeadamente em Lagos, “existe muita procura para compra de casas abaixo dos 100 mil euros, o que neste momento praticamente não existe”. Ou seja, frisa Dília Gamboa, “atualmente a classe baixa trabalhadora já não tem grandes hipóteses de adquirir uma casa”.

No entanto, a gerente imobiliária considera que estes valores “proibitivos” já atingiram o limite e os preços deverão começar a descer em 2018. Isto porque, considera Dília Gamboa, a “bolha” imobiliária já está a dar sinais preocupantes e poderá mesmo “rebentar” ainda este inverno. “Muitos já estão a usar preços especulativos e eu acredito que, no espaço de um ano, metade das imobiliárias aqui em Lagos irá fechar”, vaticina.

No entanto, enquanto a especulação não refreia na região, muitos algarvios já estão a procurar casa em outras zonas, onde consideram que os preços são mais justos.

“Já se começa a sentir a falta de produto”

Já Reinaldo Teixeira, administrador da ‘gigante’ Garvetur, que está nesta atividade desde 1983, não pinta um quadro tão negro, apesar de reconhecer que, “atualmente, na região, já se começa a sentir falta de produto e novas construções”.

Ainda assim, considera que “o Algarve continua a ter zonas competitivas a nível de preços e uma oferta muito diversificada, que engloba desde propriedades de alto nível até zonas com preços mais reduzidos, pelo que é uma boa opção para todo o tipo de investidores”.

Em relação ao aumento dos preços das habitações nos últimos anos, Reinaldo Teixeira comenta ao JA que “não se pode considerar uma surpresa os concelhos do litoral algarvio, como Lagos ou Loulé, obterem uma escala de valor no mercado significativa”. Isto porque, acrescenta, estas zonas agregam ao imobiliário inúmeros serviços turísticos, “como os transportes, a hotelaria, a restauração, o comércio, a fruição balnear, entre outros”.

Por isso, também são zonas que atraem cada vez mais o investimento estrangeiro, já que “o Algarve está bem posicionado como destino europeu de proximidade e de segurança, para apresentar um crescente fator de competitividade, face a mercados concorrenciais do sul do Mediterrâneo”.

Atualmente, revela o administrador da Garvetur, “o Algarve atrai perto de 90% das compras de segunda residência de estrangeiros”. E, este ano, “cresceu o interesse por terrenos para novos empreendimentos (turístico-residenciais, hotelaria, comércio e habitação), indicador do grande escoamento dos produtos, que surgem tanto na lista de compras dos fundos imobiliários que tradicionalmente investiam em Portugal, como por mais de uma vintena de novos tipos de investidores alemães, holandeses ou britânicos, suíços e chineses”, acentua. Mas há mais: “manifestam-se igualmente interessados os grandes fundos institucionais, ou empresas privadas norte-americanas, em edifícios de escritórios, imóveis para reabilitar, mas também nas unidades habitacionais”, continua Reinaldo Teixeira, registando também o crescimento do setor habitacional, em que “a procura dos T2 e T3 foi expressiva e é visível o investimento na reabilitação de habitações, nomeadamente nas zonas históricas das cidades de Faro, Lagos ou Vila Real de Santo António, uma nova realidade”…

(NOTÍCIA COMPLETA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 9 DE NOVEMBRO)

Nuno Couto | Jornal do Algarve

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