Europa não está a fazer o suficiente para ajudar refugiados, acusa Erdogan

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Erdogan é o atual presidente turco

O Presidente da Turquia quer que a Europa garanta acolhimento aos mais de três milhões de refugiados atualmente instalados no país, uma sugestão feita este domingo num artigo de opinião publicado no “The Guardian”, no mesmo dia em que o principal grupo a fazer campanha pela saída do Reino Unido da UE avisou que o elevado nível de imigração da Turquia será um fator de risco para a segurança do continente se o país for aceite no bloco como Estado-membro de plenos direitos.

No artigo de opinião, Recep Tayyip Erdogan acusa a Europa de não estar a fazer o suficiente para partilhar os esforços de acolhimento e integração de refugiados. Neste momento, e com a guerra da Síria a forçar a deslocação de mais de 2,7 milhões de pessoas para a fronteira norte com a Turquia, o país é o que mais refugiados alberga em todo o mundo.

A publicação do artigo coincidiu com a confirmação de Binali Yıldırım como novo primeiro-ministro da Turquia, após Erdogan ter afastado o seu antigo aliado Ahmet Davutoglu do cargo no início de maio, por alegamente estar a bloquear as tentativas do Presidente alargar os seus poderes. Na tomada de posse, Yıldırım prometeu dar mais autoridade a Erdogan em detrimento dos poderes que lhe são conferidos pelo cargo que agora ocupa.

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Na coluna assinada no jornal britânico, Erdogan faz uma distinção entre os refugiados espalhados por todo o mundo e aqueles que estão concentrados na Turquia, na sua maioria sírios, sublinhando que as nações ocidentais devem fazer mais para ajudar a instalá-los, sobretudo no âmbito do acordo alcançado com a UE em março sob o qual Ancara aceita readmitir todos os requerentes de asilo que cheguem às ilhas gregas “ilegalmente” em troca de o bloco europeu integrar cidadãos sírios nos seus Estados-membros.

“Numa altura em que a guerra civil na Síria entra no sexto ano consecutivo pedimos ao mundo que enfrente o desafio e crie mecanismos justos de partilha do fardo”, escreveu o Presidente turco. “Para manter a imigração ilegal sob controlo, a Europa e a Turquia devem trabalhar juntas para criar mecanismos legais, como o acordo de março de 2012, para instalar os refugiados sírios. Ao dar um prémio aos refugiados que cumprem as regras e ao deixar claro que os imigrantes ilegais serão recambiados para a Turquia, podemos persuadir os refugiados a evitarem arriscar as vidas no mar.”

Nem o Presidente nem os seus assessores avançam para já quantas pessoas pretendem que a UE e outros países do Ocidente acolham, mas fonte diplomática turca disse ao “The Guardian” na semana passada que será pelo menos meio milhão de pessoas.

No sábado, foi denunciado que, nas últimas semanas, a autoridades turcas têm estado a impedir a saída legal de refugiados sírios em direção à Europa, sobretudo nos casos em que o pai de família é engenheiro, médico ou trabalhador qualificado.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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