Europa prepara-se para declarar guerra ao lixo alimentar

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Hungria tem a lei anti-lixo alimentar mais abrangente, mas foi a Dinamarca a grande pioneira. Áustria, Suíça e Finlândia seguiram o exemplo. Roménia tentou, mas desistiu. Por causa da crise.

Desde a passada quinta-feira que os húngaros que comprem alimentos embalados com elevado teor de gordura, sal ou açúcar, bem como determinadas bebidas alcoólicas e refrigerantes têm de pagar um imposto especial, semelhante ao ontem sugerido pelo bastonário da Ordem dos Médicos portuguesa (ver relacionados).

O objetivo do governo húngaro é claro: combater a obesidade e reduzir os custos com o tratamento das chamadas doenças de civilização (diabetes e doenças cardiovasculares) causadas por alterações nos padrões da alimentação e estilos de vida pouco saudáveis.

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Assim, a partir do 1 de setembro, os alimentos embalados mais gordos, salgados ou açucarados passam a custar mais €0,037. Anualmente, o estado húngaro conta arrecadar cerca de €70 milhões, que irão direitinhos para o tratamento da obesidade e outras doenças relacionadas. De fora ficou para já a fast food.

“O imposto recai sobre os produtos embalados com elevado teor de açúcar, sal ou cafeína”, explica Lisa McCooey, diretora de comunicação da Food Drink Europe, um grupo de pressão (lóbi) da indústria alimentar. E dá alguns exemplos: “bebidas açucaradas e energéticas com adição de açúcar e cafeína, snacks salgados, guloseimas”.

“Quem tem hábitos de vida menos saudáveis tem de contribuir mais”, afirmou recentemente o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, pais onde 18,8% da população é considerada obesa, mais três por cento do que a média da União Europeia (15,5%), de acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgado o ano passado.

Dinamarca avança

Por estes dias, muitos outros países da União Europeia, seguem de perto a introdução da polémica lei, a mais abrangente do “velho continente”.

Com a obesidade a alastrar um pouco por toda a União, a Dinamarca, já está a taxar os refrigerantes, tendo ainda criado um imposto sobre as guloseimas. Os dinamarqueses foram ainda os primeiros a nível mundial a proibir o uso de as gorduras saturadas, tendo a Áustria e a Suíça seguido o exemplo. Até ao final do ano, deverá ser ainda aprovado um imposto sobre os alimentos com elevado teor de gordura.

“Estamos a seguir com muita atenção a estratégia dinamarquesa”, confessava há algum tempo o primeiro-ministro da Finlândia, Jyrki Katainen, que tal como Dinamarca já criou impostos para os refrigerantes, gelados e chocolates. “Um imposto sobre as gorduras saturadas é próximo passo”, afirmou o governante.

Roménia desiste

A Roménia, apesar de ter a mais baixa taxa de obesos a nível europeu (7,9%), no início do ano passado colocou a hipótese de passar a taxar não só os refrigerantes e as guloseimas, mas o lixo alimentar em geral. Neste caso, o montante arrecadado com cobrança do imposto seria usado, também, na construção de novas infraestruturas.

Confrontado com o aumento crescente do preço dos alimentos, o governo romeno abandonou a ideia.
Resta saber se as vantagens para as saúde pública se irão sobrepor aos impacto sobre as camadas mais desfavorecidas da população, que nesta época de crise, optam por este tipo de alimentos, aparentemente mais baratos.

JA/Rede Expresso
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