Ex-ditador do Suriname volta a ser eleito presidente

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O antigo ditador Desi Bouterse foi hoje eleito presidente do Suriname pelo parlamento, enquanto os seus opositores querem vê-lo detido por tráfico de droga e pelo papel desempenhado na morte de 15 políticos na década de 80.

Pessoas favoráveis a Bouterse celebraram e agitaram bandeiras fora do parlamento após este ter obtido 36 votos a favor da sua presidência, o que foi possível porque um pequeno partido decidiu apoiá-lo a troco de três cargos no executivo.

A coligação de Desi Bouterse conseguiu 23 assentos parlamentares nas eleições de maio mas é exigida uma maioria de dois terços no parlamento (de 51 lugares) para eleger o presidente do Suriname, um país com 500 mil habitantes – sobretudo falantes de holandês -, na América do Sul.

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Michael Charles, funcionário do governo da coligação Nova Frente, do presidente cessante, Ronald Venetiaan, afirmou-se estupefacto com a eleição de Bouterse e revelou preocupação pelo futuro do Suriname: “Ficámos completamente loucos neste país. Não sei como fizemos para ter Bouterse como presidente.”

Bouterse enfrenta um processo, que se arrasta no Suriname, pelo seu envolvimento na morte de 15 políticos da oposição durante o seu regime, em 1982, e a sua candidatura presidencial foi vista por muitos como uma forma de deter o julgamento e de procurar imunidade, para não ser processado.

Desi Bouterse começou por controlar o Suriname na sequência de um golpe de Estado em 1980, cinco anos após a independência da Holanda, mas sucumbiu à pressão internacional, em 1987.

Voltaria ao poder brevemente em 1990, mas, em 1999, um tribunal holandês condenou-o à revelia por tráfico de cocaína na Holanda, tendo Bouterse escapado a uma sentença de prisão de 11 anos pelo facto de este país não ter um acordo de extradição com o Suriname.

Bart Rijs, porta voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros holandês, assinalou que Desi Bouterse nunca mais viajou para nenhum país em que os holandeses pudessem detê-lo ou extraditá-lo.

Reconhecendo que o ditador vai ter imunidade como chefe de Estado, Bart Rijs sublinhou que, mesmo nessa qualidade, Desi Bouterse não será bem vindo na Holanda.

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