Reduzir fontes de desperdício e ineficiência, qualificar as pessoas e evitar a desertificação dos territórios são os principais desafios da Administração Pública apontados pelo ex-presidente do Instituto Nacional de Administração (INA) Luís Valadares Tavares.
“A crise é um desafio difícil para todos nós, mas é também uma oportunidade porque todas estas dificuldades financeiras que temos neste momento vão fazer reabrir o dossier de repensar e redesenhar a Administração Pública”, defendeu o docente do Instituto Politécnico de Lisboa, em declarações à Lusa.
Valadares Tavares é um dos convidados do jantar-debate que a Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) promove hoje, subordinado ao tema “Que Administração Pública para enfrentar a crise?”.
Para o docente, por um lado, é necessário reduzir “tudo o que é redundância”, fontes de desperdício e ineficiência no setor público e, por outro, é preciso qualificar as pessoas, de forma a evitar perda de competências.
Valadares Tavares chama no entanto, a atenção para “cortes indiscriminados” na Administração Pública, que podem conduzir à desertificação do território.
“Cortam-se os centros de saúde, cortam-se as escolas, a justiça, os apoios sociais e vai-se cortando tudo, ficam apenas as SCUT e as autoestradas. É um modelo de desenvolvimento que me parece errado”, disse.
Um dos grandes desafios à gestão pública, nos atuais tempos de crise é assim, na opinião do especialista, o de “conseguir níveis de racionalidade na economia muito grandes, mas mantendo uma rede viva e presente de fornecimento de bens e serviços públicos em todo o território”.
Para Valadares Tavares, o tema da modernização da Administração Pública é muitas vezes esquecido pelos governos, salvo algumas exceções, e “muitas vezes só se lembram do setor público quando é preciso cortar nas despesas públicas”.
Sobre os governos de José Sócrates, o docente considera que não ficarão assinalados por contribuir para a evolução de uma Administração Publica moderna, excetuando aquilo que tem a ver com a substituição do papel e do atendimento aos cidadãos por sistemas eletrónicos e recurso a novas tecnologias.
ICO
Lusa/JA
*** Este texto escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***