Ex-secretário Estado da Cooperação acusa comunidade internacional de parcialidade

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O ex-secretário de Estado da Cooperação Internacional da Guiné-Bissau, Roberto Ferreira Cacheu, acusou hoje a comunidade internacional de atitude parcial em relação aos problemas políticos do país e disse não compreender “o porquê de tanta pressão para a libertação de Zamora Induta”.

O antigo governante e atual deputado do partido no poder na Guiné-Bissau, Roberto Cacheu afirmou que a comunidade internacional tem “castigado o país por causa de uma pessoa”, numa referência ao ex-chefe das Forças Armadas, Zamora Induta, detido na sequência de uma sublevação militar a 01 de abril passado.

Em declarações à imprensa, no âmbito de uma marcha que amigos e familiares dos dirigentes políticos assassinados em 2009, entre os quais o ex-Presidente ‘Nino’ Vieira, o deputado Ferreira Cacheu acusou a comunidade internacional de não ter levantado a voz contra os assassínios.

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“Sentimos, praticamente, uma grande parcialidade em relação à Guiné-Bissau, porque se está a condenar o país, se está a castigar o país. Por exemplo, a União Europeia, retira todo o apoio, porque o Chefe do Estado-Maior foi detido, mas ninguém perguntou como é que um oficial subalterno (…) sai desse posto, passa todos os oficiais superiores, oficiais generais e chega a chefe de Estado-Maior. Que prenda é essa?”, perguntou o parlamentar.

Falando ainda sobre Zamora Induta, Roberto Cacheu defendeu que a comunidade internacional não pode condicionar os apoios ao país por causa de “um indivíduo, que à partida pode ser considerado criminoso”.

“Não se pode estar a defender um indivíduo que, à partida, podemos considerá-lo um criminoso, porque ele disse que recebeu ordens do Governo para assassinar cidadãos importantes dessa pátria”, sublinhou Roberto Cacheu.

Na opinião do antigo governante guineense, a comunidade internacional “praticamente não se pronunciou” perante os assassínios do Presidente ‘Nino’ Vieira, do ex-chefe das Forças Armadas, general Tagmé Na Waié, do ex-candidato presidencial, Baciro Dabó e do ex-deputado, Hélder Proença. Todos assassinados em circunstâncias ainda por esclarecer entre março e junho de 2009.

“A comunidade internacional, em relação à Guiné-Bissau, está a ser muito injusta. Se não vejamos: No mês de março morreu o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas dentro do quartel. Morreu o Presidente da República da forma como foi assassinado na sua residência. Dois, três meses depois foram assassinados o candidato à presidência da República (Baciro Dabó) e o deputado (Hélder Proença).

Não houve uma grande condenação da parte da comunidade internacional”, disse Ferreira Cacheu.

Segundo este dirigente, quando Zamora Induta foi destituído e preso, a preocupação da comunidade internacional tem sido acentuada. Roberto Cacheu afirmou que a comunidade internacional nunca questionou as declarações que, alegadamente, Zamora Induta teria feito segundo as quais “teria recebido ordens do governo para assassinar cidadãos”.

“Agora que ele está preso, entende-se que esse é o maior crime que o Estado da Guiné-Bissau está a cometer, quando nós somos um Estado soberano. Sentimo-nos integrados na comunidade das nações. Por isso aceitamos todo o apoio, mas que esse apoio seja completamente imparcial, seja para todos os guineenses, conforme a nossa constituição, porque todos somos iguais”, disse Roberto Cacheu.

O antigo secretário de Estado da Cooperação Internacional guineense criticou igualmente o comportamento do secretário geral das Nações Unidas, dizendo que Ban Ki-Moon prometeu apoiar as investigações aos assassínios de responsáveis políticos e militares, mas agora não houve nenhuma ajuda concreta nesse sentido.

“Tem-se aqui a carta do secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, que prometeu dar apoio ao Ministério Público para poder resolver esses processos, até hoje não chegou um tostão. O porquê da pressão à justiça, se a justiça não tem condições?”, perguntou Roberto Cacheu.

AL/JA

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