Falta de descargas na barragem transforma ribeira de Odeleite num pântano

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Ribeira de Odeleite à sua passagem pela aldeia com o mesmo nome (Foto: José Carlota)

A população queixou-se durante anos das descargas da barragem, mas agora está preocupada devido à falta delas. As águas estão paradas a jusante e, além do aspeto visual, começa a preocupação com a acumulação de mosquitos

DOMINGOS VIEGAS

A última descarga da barragem de Odeleite, no concelho de Castro Marim, aconteceu no verão passado, excecionalmente e apenas durante cerca de meia hora, para permitir a renovação das águas da ribeira. Mas há três anos que não são efetuadas as habituais descargas resultantes da enchente da barragem. Depois de mais um inverno com pouca chuva, atualmente as águas da ribeira estão paradas a jusante da barragem e estas transformaram-se num autêntico pântano.

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Se há alguns anos a população queixava-se da quantidade de descargas e de água libertada pela barragem, que chegava a inundar campos agrícolas, atualmente a situação inverteu-se. Agora, a preocupação tem a ver com a estagnação das águas, a cor que estas vão apresentando e que muda de tons entre o amarelo e o vermelho e, também, com a acumulação de mosquitos e outros insetos junto às residências.

“Já alertámos para a situação das águas paradas e sugerimos uma nova descarga. Mas a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] ainda não respondeu. Provavelmente está à espera de alguma explicação da Águas do Algarve que, certamente, irá dizer que os níveis de água na barragem estão demasiado baixos para que possa ser feita uma descarga”, explica Valter Matias, presidente da Junta de Freguesia de Odeleite.

O autarca já tinha alertado para a situação no ano passado e o alerta fez com que a APA obrigasse a Águas do Algarve a libertar alguma água da barragem.

“Excecionalmente, conseguiu-se uma descarga em julho. Simultaneamente, a câmara municipal financiou alguns trabalhos de limpeza. A descarga foi muito pequena, porque estávamos no verão, mas permitiu renovar a água. Infelizmente, este ano voltou a não chover o suficiente para encher a barragem e ainda não houve descargas. Vê-se perfeitamente que o nível da barragem está baixo”, admite Valter Matias.

Ainda há cerca de quatro anos, depois de um inverno bastante chuvoso, a população estava revoltada porque havia descargas quase diariamente. “Não era bom para a agricultura e as pessoas queriam descargas mais pequenas, mas a meteorologia é sempre uma incerteza”, diz o autarca, recordando que, nesse ano, a festa do 1.º de Maio, que se realiza habitualmente junto à ribeira, teve que mudar de local.

“Recebemos, no próprio dia, um fax a alertar que estava eminente uma descarga e tivemos que transferir a festa para uma zona mais alta da aldeia”, conta Valter Matias, recordando que “depois disso, cada vez tem chovido menos”.

O presidente da junta de freguesia recorda ainda que “tem que existir sempre” um caudal ecológico, mas duvida que este esteja a ser respeitado. “As entidades dizem que ele existe. Na minha opinião, não parece que exista. O que lá está é um caudal mínimo e não sei se não será apenas resultante das fugas da barragem”, considera Valter Matias.

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